E como eu escrevi na semana passada, acredito que possamos aprender com os erros umas das outras (e aqui a palavra erro não é só no sentido negativo, mais no sentido de podia ser diferente, podia ser mais fácil se fosse de outra forma). Todas as mães erram ou escolhem sem se dar conta caminhos que são mais difíceis de seguir, mas não somos monstros... fazemos o que naquele momento achámos melhor ou por um impulso simplesmente aconteceu. Mas, assim como nós próprias nos damos conta dos nossos desvios e nos corrigimos outras mães podem se corrigir ou nem sequer fazer tal desvio se já tiverem pensado no assunto.
Cada criança é única, cada mãe e cada família tem a sua individualidade, as histórias que aqui vou contar (minhas e de quem tiver interesse em participar - basta mandar e-mail (ssbrites@gmail.com)) não são de longe para serem condenadas ou pelo contrário levadas como receitas ou passos mágicos... são pura e simplesmente histórias para reflectirmos e retirarmos o que acharmos que seja válido, comentarmos e nos ajudarmos mutuamente.
Aqui fica a primeira de, espero eu, muitas histórias para reflexão :)
O meu filho tem este comportamento e eu sei porquê
O Leo tem frequentemente reservas a experimentar o que é novo e tal ocorre principalmente com coisas a nível motor. Demonstra curiosidade mas não encontra coragem para o fazer. E porque é que ele é assim?
Em primeiro lugar vou fazer um enquadramento da situação :)
O Leo nasceu prematuro de um parto de urgência, foi muito difícil para mim, pensei não o ver crescer, pensei que ia morrer pela primeira vez na minha vida e isso penso que foi o primeiro passo para me tornar uma mãe bastante protectora.
O Leo foi crescendo e apesar de eu ter consciencia de que criança tem que experimentar, tem que cultivar a sua confiança e que não é bom para seu desenvolvimento ser demasiadamente protegida como escrevi aqui, foi muito difícil para mim abrir esta barreira de mãe galinha. Não é à toa que uma das primeiras palavras que o Leo disse foi "pigoso"(perigoso).
Uma das frases que mais foi falada aqui em casa até bem pouco tempo atrás foi: "Cuidado que é perigoso" e ela não era usada por mim só para o alertar quando ele ia mexer na tomada eléctrica ou no fogão da cozinha, também era usada quando ele queria trepar o sofá, correr muito rápido pela casa, saltar em cima da cama, enfim... este foi o meu erro.
O que mais me aborrece não é o Leo ter este medo do desconhecido que em alguns casos acaba por ser bom pois ele quando o ultrapassa fá-lo com atenção, com cuidado e segurança. O que me aborrece é saber que fui eu que tanto o limitei e foi tão inconscientemente que mesmo eu pensando e acreditando sempre que temos que deixa-los ser um pouco mais exploradores não foi isso que fiz.
Fico triste quando vamos no parque e o Leo vê outras crianças escorregar no escorrega se ri e mostra vontade de fazer igual mas não consegue porque tem medo.
O Leo tem uma imaginação muito fértil, ele brinca muito de faz de conta, ele corre, salta, adora joguinhos em que necessita de alguma concentração e destreza, adora Legos e puzzles, mas ir escorregar ou trepar no parque não é para ele.
Hoje em dia eu policio-me muito, deixo-o mais livre embora morra de medo que ele se magoe e tenho notado grandes mudanças nele, está mais confiante nessa sua dificuldade motoro-aventureira :) frequentamos ginástica para crianças onde ele pode pular, trepar, escorregar em segurança com muitos colchões e isso tem ajudado, muito embora ainda não faça tudo sozinho como a maioria das crianças da idade dele, mas aos poucos em vai conseguindo... foi sem duvida um erro da minha parte.
Sei que o desenvolvimento dos pequenos difere muito, sei que o Leo pelo facto de ter começado a falar bastante cedo (com 10 meses) pode-se ter concentrado mais na linguagem do que a nível motor (ele começou a andar com 16 meses), também sei que ele é saudável e que só não faz as coisas por falta de coragem não por ter algum problema, mas se pudesse voltar atrás teria sido um pouco menos neurótica disso não tenho dúvida.
O meu consciente nunca achou correcto mas o meu inconsciente fazia-me agir assim...
Moral da história: Os nossos pequenos precisam sim de se sentir protegidos e seguros mas também confiantes, para tudo tem a medida certa.
(Espero que gostem destes posts e sintam-se à vontade para participar e enriquecer este espaço)