sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Existe o momento exacto para a aprendizagem?

É comum os bebés no seu desenvolvimento se concentrarem em uma das vertentes, motora ou intelectual. Não é raro ver uma criança que corre, salta e é destemida em todas as brincadeiras do parque e que ainda não consegue falar.
O Leo é o oposto, foi um bebé super parado, rebolou, engatinhou e andou mais tarde que a média, hoje com 2 anos e 2 meses é muito cuidadoso nos parque, não gosta do escorrega e ainda não consegue saltar, mas em contrapartida fala deste os 9 meses quando disse as 3 primeiras palavras - mamã, papá e carro (com um R super carregado, um fofo :) ). Hoje faz frases, argumenta e até já faz as suas pérolas :). Não sei se esta é uma justificação para o seu interesse em números e letras... mas que ele tem um interesse enorme isso tem...

E agora eu me questiono - Haverá altura certa para uma criança aprender os números e letras. 
Antes de eu entrar neste mundo da maternidade não olhava com muito bons olhos os pais que incentivavam as crianças bem pequenas a contar em mais que uma língua, alguns mesmo ensinavam a ler e eu via as coisas com muita apreensão... parecia-me que via aquelas crianças a perder a sua inocência de criança.
Hoje penso bem diferente e sei que existe uma grande diferença em proporcionar aos pequenos materiais para eles desenvolverem o seu interesse do momento e domesticar os pequenos como se de animais de circo (desculpem-me a comparação grosseira) se tratassem para depois os apresentar à comunidade ("Ó filha conta lá até dez. Agora em Inglês. E ao contrário".)

PAUSA
Confesso que fico orgulhosa pelo interesse que ele mostra por aprender (que mãe não ficaria??!!) e que por vezes quando falo com a familia que está longe acabo por fazer dele um bocadinho animal de circo... por querer que ele mostre tudo o que sabe aos avós... mas estou a fazer um esforço para não reagir assim... mas quando se vive longe da família acaba por ficar difícil a partilha do seu crescimento.
DESPAUSA

Quando vejo o meu pequeno com um brilho no olhar a dizer os números das portas das casas quando passeamos pela rua ou quando a folhear um livro me pergunta que letra é que está ali, não posso negar, não é verdade? Se ele se interessa, porque não?
Mas será a minha disponibilidade para desenvolver o seu interesse errada? 
Fará sentido esperar até ele ter a idade certa para aprender? E qual é a idade certa? Existe ou é somente uma convenção da sociedade para haver uma maior homogeneidade de idades nas escolas??
Cada bebé desenvolve a seu tempo, lemos em muitos livros que devemos respeitar o desenvolvimento do bebé, que cada um tem o seu ritmo, mas depois esta ideia perde-se quando os pequenos começam a crescer e somos todos tratados em manada... quem apanha o barco apanha, quem não apanha que apanhasse e quem queria ir de avião tem que se acalmar e ir como todos os outros... de barco. 
Neste momento isto de aprendizagem em manada parece-me tão errado??!!! Não faz sentido nenhum???!! Ou faz??!!


De uma coisa estou certa, estou muito longe de roubar a inocência da infancia do meu filho, como eu antes pensava, ele diverte-se muito a aprender, disso não tenho duvida, pois não sou eu que incentivo é ele mesmo, eu simplesmente o guio. E também estou muito longe de exigir ao pequeno resultados da sua aprendizagem e ai é que eu acho fantástico... o Leo aprende a brincar, aprende com gosto... aprende porque isso o satisfaz. 
Eu limito-me a proporcionar-lhe o melhor ambiente para ele brincar... seja com números, letra, cores, legos ou bolas... tudo não passa de uma brincadeira. 

Como podem ver estou ainda em fase de reflexão quando a isto tudo. A minha cabeça ainda nada em muitas perguntas para as quais não encontro uma resposta. O que vocês acham deste meu devaneio?

9 comentários:

Renata disse... [Responder Comentário]

É assim, já que perguntou vou dar meu pitaco de mãe, não sou especialista de nada. Na minha experiência com meus 3 filhotes hoje com 2, 4 e 6 anos pude observar que cada um, mesmo com os estímulos que eu dava, foram se desenvolvendo ao seu ritmo próprio e conforme seus interesses particulares. A mais velha (6) falou as primeiras palavras aos 8 meses, andou com 12 meses e nessa mesma idade gostava muito de música, ela decorava músicas mesmo as mais extensas (músicas infantis), e sempre desejou aprender a ler e escrever, letras são seu interesse. O do meio (4) falou com 12 meses e andou aos 10 meses. Desde cedo demonstrou interesse por desenhos, números e por culinária (mas não é comilão), sempre perguntou e pergunta os ingredientes da comida, como se faz, pergunta sempre qual será o almoço ou jantar, dá sugestões, e atualmente tem muito interesse por rimas, fica inventando, e gosta muito de quebra-cabeças. A mais nova (2) falou aos 18 meses, andou aos 10 e tem paixão por livros. Tem uma habilidade motora bastante avançada para sua idade, faz coisas que os irmãos ainda tem medo de fazer no parquinho. Gosta muito de brincar com legos, faz muitas cidades, animais e tudo o que imaginar com legos. Baseada nos seus interesses vou estimulando as aptidões naturais de cada um conforme eles vão demonstrando interesse por isso ou aquilo. Se seu filhotes com a idade que tiver quer aprender, então está na hora de ensinar, não é? Acho que não devemos nos antecipar, mas estimular seus interesses só lhes deve fazer bem. Infelizmente o sistema educacional tende a ser homogêneo, mas as crianças não.

Sofia disse... [Responder Comentário]

Olá Renata,
Muito obrigada pelo seu pitaco, gostei muito. Partilhar a tua experiência de mãe de 3 é muito valioso.
E acho que é mesmo isso que tu dizes, não devemos antecipar mas sim estimular o que eles nos vão mostrando que gostam... as ideias nesta cabeça começam a fazer mais sentido :)

Um bom fim de semana

Beatriz disse... [Responder Comentário]

Querida Sofia! Ha tempos nao consigo escrever aqui. Minha internet tem uma conexao mais lenta e eu nao consigo enviar comentarios, mesmo querendo muito. Amei aquele post sobre ensino motessoriano... E amei este. Porque eu acredito que seja confortavel para o sistema educacional lidar com criancas que comecam a aprender numa mesma idade. Porque acho um devaneio esperar os 6 anos para alfabetizar, se desde cedo existe o interesse... E mesmo quando nao existe, acho bom incentivar, estimular, abrir as portas do, atraves de brincadeiras sempre, claro...
Continue. E saiba que te leio sempre. E que falta acentos porque o computador que estou esta desconfigurado!!! Isso e que e vontade de comentar!!!
beijos 

Eduarda Castro disse... [Responder Comentário]

Como eu te entendo!
O Manuel tb era um bébé menos traquina nem estava muito interessado em parque se desafios fisicos (agora nem por isso) mas muito cedo manifestou interesse e NECESSIDADE (creio que é ai que está a diferença) pela palavra nas sua mais variadas formas, bem como pelos nºs, descobertas, invençoes, pelo mundo em geral, sempre com questionamentos, fundamentaçao  e argumentação. Nós andamos um tempo perdidos entre o que era melhor, mas agora tenho mais claro: sigo as sua necessidades ao nivel do conhecimento. Não provoco, mas apoio naquilo que ele me pede. Só tenho uma batalha: será que não deveria instiga-lo como fazem os outros pais?
O Manuel começou a alfabetizaçao tinha 4 anos e 3 meses, presentemente com 5 anos lê (sem dificuldades) e escreve  (com algumas dificuldades) mas não porque foi ensinado, no colégio está na pré e não ensinam a ler, cá em casa nunca ensinamos. Ele perguntava nós respondiamos às sua duvidas um dia ele estava comigo e olhou para um placar publicitário e começou a ler.
É maravilhoso! Acredita que até me emociono! 
  

Sofia disse... [Responder Comentário]

Olá Beatriz,
Oh que chatice não conseguires comentar, e eu que amo comentários. E a sua opinião é sempre tão bem vinda :) Vou tentar colocar o blog mais leve para que se torne mais fácil, mas quando tiveres dificuldades sente-te à vontade para comentar por e-mail (tens o meu mail aqui na barra lateral), ficarei muito contente. E é com comentários que o blogue faz sentido também não é verdade? 

Pelos problemas em tratar as crianças em manada no sistema educacional comum que eu cada dia me sinto mais apaixonada pela educação Montessori, acredito que esta não seja só mares de rosas mas que me parece bem mais humana e adaptada ao ser humano que não é nenhum macaquinho para ser domesticado da forma que muitas vezes é.
Mas cabe também a nós pais fazer a diferença não é verdade.

E não deixes de comentar por problemas técnicos, manda mail :)
Beijão

Sofia disse... [Responder Comentário]

Olá Eduarda,
É essa mesma necessidade que tu falas sobre o Manuel que eu encontro no meu Leo. Este desejo de aprender de saber mais. 
E haverá melhor forma e momento de aprender do que quando os olhos brilham, o interesse nasce no meio de brincadeiras... me senti um pouco aliviada com o teu comentário, obrigada :)
Um beijo grande

Tuka Siqueira disse... [Responder Comentário]

Sofia, em primeiro lugar vim aqui agradecer o teu comentário tão carinhoso lá no meu blog. Me encheu de moral! Obrigada.
Quanto ao assunto, acho que cada criança tem o seu ritmo e seus interesses. Vejo bem isso com as gêmeas. Enquanto uma parece um filhote de macaco prego, sobe em tudo, corre, pula, se atira, a outra é mais parada, concentrada e observadora. E as duas aprendem quase no mesmo ritmo. Enquanto a destemida absorve conhecimento por osmose, a outra precisa se esforçar um pouco, até porque ela é perfeccionista e só faz algo depois da certeza do sucesso, mas isso não a torna mais lenta no aprendizado. Acho isso incrível!
Quanto às letras e números, acho que devem ser ensinados por pessoas capacitadas e eu não me considero uma. Leio para elas, falo e repito os números, mas de acordo com o interesse delas (e a minha capacidade para ensiná-las), não forço barra e deixo que as professoras, em seu devido tempo, as ensinem. Acho ruim que o ensino seja padronizado, mas não me considero capacitada a fazer diferente.

Beijos

Eduarda Castro disse... [Responder Comentário]

Sofia, eu tb tenho dias em que sinto um sufoco e nem sei bem como agir. Não és só tu. Tem calma e aproveita, pois eu sinto que é uma benção. Só tenho pena que o colégio e principalmente a educadora do Manuel fiquem muito áquem, mas como para o ano ele irá para a primária ( no mesmo mas parece-me diferente) estou mais confiante. 
Beijinho grande

Patrícia Soares disse... [Responder Comentário]

Olá Sofia, ser mãe muda mesmo as nossas perspetivas... em tudo! Em relação a este assunto eu acho que devemos estar atentas aos nossos filhos e ir de encontro às suas necessidades e aptidões naturais, sem impor ou pressionar. No fundo devemos ser o empowerment (palavra que está na moda:) da sua aprendizagem e proporcionar-lhes as melhores experiências...

Beijinhos e boa semana

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