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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quando a TV passa a ser um problema

Já conhecem a minha postura quanto a crianças verem TV discriminadamente, falei aqui sobre isso, e acredito que muitos concordam comigo quando digo que através da televisão pouco ou nada se aprende e o que se pode eventualmente aprender teria sido mais real e lúdico se fosse feito de forma mais ativa. Seja qual for a aprendizagem que possa vir de ver TV esta é certamente uma aprendizagem demasiado passiva.
Um filme de animação, um documentário sobre animais são bons instrumentos para passar uns momentos mais calmos enroladinhos no sofá mas para nós aqui basta uma vez por semana e não queremos de todo perder tempo com publicidades e interrupções indesejadas características dos canais de TV.

Não gosto de ver o meu filho a ver TV, fico arrepiada com a cara de zombie que ele faz... parece que lhe desligaram o cérebro... grrrr não gosto nem de imaginar. Exagerada eu?!! Talvez para me entenderem melhor seja um bom exercício observarem os vossos pequenos a ver TV ou até mesmo pedir a alguém que vos tire uma fotografia, a vocês próprios, enquanto vêm TV. É de arrepiar...

Fonte da imagem: http://eltern.t-online.de/


Mas porque falo eu mais uma vez sobre TV?? Porque sei que existe muita mãe e muito pai que sem se dar bem por isso tem hoje em casa uma criança viciada em TV, uma criança desmotivada com tudo menos com a caixinha preta... mas ainda à esperança e para isso tenho um post do blogue Torne seu filho mais inteligente para partilhar com vocês.
Vale a pena ler este Dá pra desviciar uma criança viciada em TV? e a cenas dos próximos episódios.

Continuação de um ótimo dia :)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Vivemos sem TV - 3º episódio: Crescer sem TV

A decisão de vermos ou não TV, de termos ou não TV em casa, seleccionarmos a programação que vemos e deixamos os nossos filhos verem é extremamente pessoal. Primeiro está relacionada com uma questão de "cultura familiar", se o teu serão, por exemplo, tem como ritual ver TV todos os dias não fará sentido, a teu ver, que assim deixe de ser, mas quando a TV já não é nada em tua casa começas a questionar-te sobre o que realmente de bom ela traz face ao menos bom ou mau. Como já referi foi muito fácil deixar de ter TV.
No entanto, a decisão levou-me a reflectir, será mesmo a TV imprescindível no crescimento de uma criança?
Li muito, ouvi muitas opiniões e acabei por participar num  forum onde conheci famílias que vivem sem TV (achei essencial conhecer as opiniões e razões de quem realmente vive sem), a minha decisão estava tomada, mas agora está plenamente clara para mim, não restam duvidas, isto é o que faz sentido neste momento para a minha família. Uma criança tão pequena como o Leo não precisa de TV. E este equilíbrio entre as razões que me levaram a tomar esta decisão (e que já referi nos posts anteriores - 1ºepisódio; 2º episódio) as opiniões de quem vive efectivamente sem TV me deixaram mais descansada.
Vamos efectivamente viver sem TV, vamos esporadicamente ver filmes e desenhos animados mas não na programação normal da TV. E o dia que o Leo me pedir que quer ver ou que eu tenha consciência que de alguma forma algo está a falhar nas minhas convicções tomarei outra decisão.
Aqui deixo pequenos excertos e links do que li e me ajudou a tomar a minha decisão.

Testemunhos de quem cresce ou cresceu sem TV: (recolhi estas histórias num forum alemão em que participei e achei interessante partilhar)

"Eu nunca tive TV. Em casa dos meus país não existia TV, mas eu nunca tive a sensação de que me faltava alguma coisa, muito pelo contrário eu sou feliz assim. A televisão devora o tempo, que se poderia usar de forma mais consciente.
Na escola os meus colegas falam por vezes sobre programas que eu não conheço, mas nunca me senti colocado de parte, o importante é estar bem integrado na escola e por sua vez no grupo, e desta forma não é nada trágico se em determinado momento eu não posso opinar. 
Naturalmente que existem programas interessantes na TV, mas não são a maioria. A televisão poderá sim ensinar mas também nos pode tornar mais idiotas. E neste caso só os pais nos podem orientar. 
E hoje com 18 anos vejo TV muito esporadicamente, acho chato e perda de tempo e agradeço aos meus pais por me terem educado desta forma. Crianças precisam se movimentar, passear. precisam dos pais e de amigos com quem conversar e brincar e isso nunca me faltou." (Lucas, 18 anos);

"Eu também acho que crianças até terem idade para entenderem a diferença entre o que passa na TV e a realidade não precisam de ver. O tempo que passam frente à TV podem passá-lo de forma mais rica para o seu desenvolvimento, brincando, ouvindo histórias, lendo.... fazendo coisa que são certamente mais saudáveis. Eu vivi sem televisão até aos 9-10 anos e achei a minha infância maravilhosa. Ainda não tenho filhos mas tenciono agir da mesma forma que os meus pais fizeram. 
O facto de, quando criança não conhecer, por vezes, como as outras crianças certos desenhos animados ou outros assuntos televisivos não achei nada relevante, eu acho mesmo  que crianças com menos de 5-6 anos não falam sobre isso.  
Cheguei a ver TV em casa de amigos com curiosidade, mas depressa me aborrecia, preferia ir brincar. (Jule, 24 anos)

"Nós viamos TV cá em casa sempre de forma controlada. Os meus 2 filhos na altura com 3 e 5 anos podiam ver durante 30 minutos a 1 hora de TV por dia, sempre os acompanhava, mas nem sempre explorava com eles o que estavam a ver. Até ao dia em que me apercebi ao observar os meus filhos que eles estavam muito calmos frente à TV, mas não no sentido positivo, eles estavam apáticos. Desligados. A partir desse dia passamos a ver TV 1 a 2 vezes por semana e hoje passados 5 anos não temos TV e digo com orgulho, não faz falta. Vamos por vezes ao cinema vemos um DVD mas ficámo-nos por isso. Exploramos 2 a 3 sites de noticias um dos quais orientado para crianças e com documentários bastante didácticos para nos mantermos informados. (Gudrun, mãe, 35 anos)

 Fico por vezes aborrecido quando não posso participar em conversas com os meus colegas sobre os programas do momento, mas não é certamente o fim do mundo. Houve um dia destes que fiquei bastante irritado, todos falavam do DSDS* e eu não sabia o que era, cheguei a casa e discuti com os meus pais por não termos TV. O meu pai levou-me ao computador, vimos vídeos sobre o programa, em silêncio, cheguei a rir-me mas no fim o meu pai perguntou-me "Gostas? Queres ver todos os programas? Achas interessante?" e eu pensei um pouco e senti-me estúpido, aquilo é horroroso... enfim só serve mesmo para falar com aqueles colegas com quem não se consegue falar sobre mais nada de tão tótos que são. Filmes vejo em DVD ou no cinema e o futebol vejo como acho que deve ser: numa esplanada com um grupo de amigos. A TV idiotiza-ma não preciso dela" (Markus, 15 anos)

(* programa que procura cantores em castings pela a Alemanha e que dá ênfase aos pobres coitados que não sabem cantar... enfim )
  
Links com informação relevante:
Crescer sem televisão: "A primeira razão é de ordem pedagógica ... a televisão submerge as crianças num silêncio passivo, numa etapa crucial para a aquisição da linguagem. Os autores do guia "Fête de bébés" afirmam que, antes dos 3 ou 4 anos, a criança não pode compreender o encadeamento das sequências e a lógica de um argumento: daí que lhes atraiam as sequências curtas, como uma publicidade ou os desenhos animados. Advertem também que "quanto mais se deixa a criança ante o pequeno ecrã, mais difícil é afastá-lo dele e retornar à realidade". 
"A segunda razão ideológica: o recusar dos modelos transmitidos pela televisão e pela publicidade...."
"O terceiro motivo: o tempo perdido."
"Todas as famílias que vivem sem televisão dizem que as relações entre pais e filhos são agora de melhor qualidade. "Em casa há verdadeiras refeições em família com autêntico diálogo. As filhas contam-nos o que fizeram na escola, os pequenos acontecimentos do recreio. O filme que começa às 20:45 é incompatível com a vida familiar", explicam Roger e Brigitte. Anne aprecia que Myriam venha frequentemente à cozinha contar-lhe a passagem da novela que está ler. Shopie acha que sem televisão as crianças são mais criativas. "É mais interessante jogar com o Mecano ou os Legos do que ficar colado aos desenhos animados".  
"As crianças que crescem sem televisão têm um perfil psicológico diferente das outras? Dominique Pasquier, professor de psicologia dos meios de comunicação dos Instituto de Estudos Políticos de Paris, explica: "têm sem dúvida uma percepção diferente do mundo, menos ligadas às imagens utilizadas pela televisão, menos estereotipada. Esta percepção responde mais ao que vêem directamente no mundo exterior, no ambiente imediato. As crianças sem TV, que conheçem menos as estrelas e os famosos do showbusiness são menos sensíveis aos mitos contenporâneos: beleza, êxito, dinheiro. São mais realistas, mais independentes, menos superficiais"

 "Pesquisas mostraram que a TV pode diminuir os níveis de atenção das crianças e apoiam a recomendação da Academia Americana de Pediatria, segundo a qual crianças com menos de dois anos não devem assistir a programas de televisão....O resultado da pesquisa sugere que o hábito de ver TV superestimula e modifica o desenvolvimento normal do cérebro de uma criança. Entre os riscos encontrados estão dificuldade de concentração, impulsividade, impaciência e confusão mental. (Será que o aumento de crianças diagnosticadas  como hiperactivas, a agressividade na sala de aula não estarão relacionadas com o facto das as crianças verem cada vez mais TV?)
Os pesquisadores não se preocuparam em saber que programas as crianças assistiam, pois, segundo Christakis, o conteúdo não é o culpado pelos danos causados ao cérebro. O problema é a rápida superposição de elementos visuais, típica dos programas de TV. "O cérebro de uma criança se desenvolve muito rapidamente durante os primeiros três anos de vida. Ele está realmente sendo ‘conectado’ neste tempo", diz o pesquisador. O estímulo excessivo durante este período em particular pode criar mecanismos danosos à mente da criança. Comentários Conceição Trucom: pensar que durante este período a criança está passiva e não realiza atividades físicas e motoras, importantíssimas para seu desenvolvimento ósseo e muscular: estrutural. Para complicar, os programas infantis estimulam o consumo de "porcarias", também conhecidos como alimentos vazios, que podem desencadear problemas de subnutrição e obesidade, portanto vitalidade e disposição para tarefas e desafios." (fonte)


Li muito, e o debate no forum foi super enriquecedor, deixei aqui só um pouco do que achei relevante. 
Posso um dia mudar de ideias, posso "cuspir-me em cima" mas é isto que eu quero agora. Considero a minha decisão consciente. Um dia mais tarde não sei... mas estarei aqui (espero eu) para contar. :)


Mais sobre o assunto para os mais interessados:
A TV anti-educativa
Os Efeitos Negativos dos meios electrónicos em crianças e adolescentes 
Young Children's Exposure To Audible Television Has Implications For Language Acquisition And Brain Development
Childhood TV Viewing A Risk For Behavior Problems
Children Under Three Can't Learn Action Words From TV -- Unless An Adult Helps
Turn Off TV To Teach Toddlers New Words

sexta-feira, 11 de março de 2011

Vivemos sem TV - 2º episódio (em jeito de esclarecimento)

Primeiramente queria agradecer a todas as que comentaram no 1º episódio deste meu viver, é sempre bom ouvir outras opiniões para confrontar com as nossas e fomentar a reflexão. Alimento-me disso, obrigada.
Mas hoje queria aqui deixar as minhas ideias em forma de esclarecimento, deixando os motivos que me levaram a tomar esta decisão.
Algumas de vocês são da opinião que a minha decisão é demasiado radical não posso deixar de clarificar os meus pontos: a televisão cá em casa já era usada com grande raridade, o que ela fazia era ocupar espaço na nossa sala de estar (e ganhar pó). A sala de estar estava orientada fisicamente para a televisão, o que acontece em imensas casas, não é verdade? E eu não gostava disso, a minha sala de estar é o espaço que quero para ESTAR com a minha família para conversar, trocar ideias... então a presença da televisão não se integrava no nosso jeito. Hoje temos sofás e cadeirões orientados num circulo, quando nos sentamos, olhamos nos olhos uns dos outros... damo-nos importância. Desta forma a televisão não saiu de forma abrupta da nossa vida, simplesmente arranjou um lugar mais digno para ela :)  (longe dos olhares de quem tanto a ignorava).
O conceito de radical depende do estilo de vida que cada um leva, certamente se nós tivéssemos o hábito de ver TV todos os dias e a partir de hoje ela desaparecesse, seria um pouco radical sim. Para mim seria radical viver sem frigorífico ou corrente eléctrica...
Quanto ao receio de tornar a TV num fruto proibido (e como diz o ditado - mais apetecido) não me assusta nem um pouco. Nós vemos esporadicamente filmes (gosto de ver um bom filme enroladinha na mantinha e a comer pipocas), o Leo até já viu uns episódios do Ruca :),  mas foi todo uma escolha nossa, filme, momento, apetite. Sem publicidade, sem interromper ou deixar de fazer alguma coisa mais importante porque o programa está a começar e não espera por mim. Se um dia o Leo mostrar interesse em conhecer alguma personagem que os amigos gostam dar-lhe-ei a conhecer, mas para isso não precisamos mudar os nossos princípios. E acredito que antes dos 5 anos uma criança não precisa de TV para viver os ser heróis.

Quem sempre viveu com uma televisão, não sabe o que é a vida sem ela. Há 50 anos era o rádio que estava ligado na maioria das casas, depois passou a ser a televisão e a meu ver neste momento, como já referi, a televisão não nos oferece nada que não possamos obter de forma mais rápida, cómoda, transparente (não nos sufocando as ideias ou alterando o foco do nosso interesse) temos a Internet, temos um acesso a informação super alargado e muito embora com muito lixo pelo meio, temos poder de escolha, temos tempo para pensar e analisar as páginas que abrimos e lêmos, o que não se passa certamente com um programa televisivos no qual nós não temos voto.
E agora muitas de vocês dirão - Se seleccionarmos os canais que vemos e a frequência com que vemos está tudo bem. - e eu concordo plenamente, mas existem tão pouco programas com relevância no meio de, atrevo-me a dizer, tanto lixo, que eu não estou para isso. Não quero que a televisão sugue o meu tempo, quando posso aprender o mesmo (quando eventualmente se aprende alguma coisa) em menos tempo, sem ter que ver lixo e ouvir lixo, sem sequer ter oportunidade de me defender, de analisar o que entra no meu cérebro. E eu sou feliz por ter a minha paz.
E não se preocupem, podemos ser pessoas informadas sem TV, existem bons jornais, existe a Internet. Não preciso ver uma hora de telejornal, saber que a senhora Maria de sei lá de onde nunca andou de comboio para ficar informada sobre o estado das finanças do pais, noticia esta que por sua vez vem mascarada de sensacionalismo e que me dá a saber o que eles querem que eu saiba. Isto também acontece na Internet e no jornal, certamente, mas aqui eu vou direito ao assunto, embora precise de o filtrar muitas vezes (mas isso é assunto para outra temática).
Quem procura conversa, passa-tempo deveria procurar a família e os amigos. 
O que realmente me assusta bastante é muitos pais acharem que a televisão podem ajudar a educar os seus filhos. Qualquer que seja o programa televisivo, que seja feito a pensar em crianças ou não, a educação deve ser feita pessoalmente através da presença humana, e neste caso, do pai e da mãe pessoalmente. Sentimentos como a amizade e o respeito são ensinados no dia a dia com a convivência com outros seres humanos, certo?
Porquê deixar uma criança pensar que o verdadeiro entretenimento encontra-se através de desenhos animados? Quando é bem mais interessante e maravilhoso viajarem através de um livro e viverem no mundo da imaginação as aventuras que um desenho animado lhe impõe. Aqui aprendem tudo em um: tomar atenção, ler e perceber. 


Eu quero que os meus filhos explorem a infância com asas, imaginando, viajando e não com raízes no sofá lá de casa...
Deixei a minha posição clara? :)


Aguardem o próximo episódio - as minhas reflexões de como é possível crescer sem televisão!

Ir para 3º episódio

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vivemos sem TV - 1º episódio

Já escrevi por aqui qual a minha postura face aquela caixinha preta. Na altura já se via pouca TV cá em casa mas ela ainda existia na nossa sala de estar. Hoje já não existe. Vivemos sem TV e estamos muito bem, obrigada :)
Este era um passo que há muito queria ter dado, pela convicção que tenho que a TV não trás nada de bom - podem comentar se considerarem a minha convicção errada, quero saber a vossa opinião, quero ter material de reflexão.
Já não é novo na minha vida não ver TV, com os meus 18 anos passei um ano sem TV, nessa altura foi como uma desintoxicação, era uma adolescente que passava muitas horas frente à TV e dei-me conta que perdia imenso tempo, foi um ano maravilhoso, li muito, sai muito, dormi muito e senti-me feliz com isso. Ninguém me roubava tempo, desligando-me o cérebro, eu era livre de escolher o que fazer, o que ver, o que  pensar. A televisão voltou à minha vida de forma muito mais ausente e neste momento não quero mais.

Faz algum tempo que li um artigo sobre uma experiência feita (não sei já onde :( ), na qual algumas famílias abdicavam da TV, se bem me recordo por 15 dias. O que mais me impressionou no artigo foi o comentário de um pai, entrevistado no final dos 15 dias. Ele dizia que se sentia enganado, aprisionado sem saber. Que com esta experiência se tinha dado conta que afinal já não conhecia os seus filhos. Ficou maravilhado com o tempo que teve para brincar e conversar com eles. A TV roubava-lhe o tempo de qualidade que poderia ter com os filhos, tanto aquela que ele via como aquela que permitia que os filhos vissem. (se vês muita TV desafio-te a fazer a experiência e depois conta como foi)

Isto junto com as minhas convicções me fizeram dar o passo que faltava e estou orgulhosa disso. E se foi dificil? Não, já via pouco, não sinto falta nenhuma.
E tempo livre em família não nos falta, brincamos muito, lemos muito, passeamos e também vemos uns bons filmes, 1 a 2 vezes por mês, mas escolhidos por nós, no momento que nós queremos.

Eu tenho a convicção que o serviço que a TV prestava ficou bem lá atrás no tempo quando ainda era um simples e mero meio de comunicação. Hoje acho que comunicar, comunica muito pouco... hoje entretém, queima tempo e  manipula. E a vida é bela e curta demais para deixarmos que isso aconteça. O que achas?
Já cheguei a ouvir que o meu filho vai se sentir posto de lado por não ver os mesmos programas que os colegas e será que os seus colegas se irão sentir postos de lado porque não leram o livro que ele leu, porque não passaram o tempo exclusivamente com os país como ele passa?

Já repararam no número de imagens por segundo que passam numa publicidade, elas são feitas para desligar o nosso cérebro, para não nos darem tempo de pensar, nem termos tempo de nos questionar porque ainda continuamos a olhar. E assim passa o tempo...

Como escolho dar a melhor alimentação para o desenvolvimento físico saudável do meu filho, escolho também dar o melhor entretenimento para o seu desenvolvimento intelectual, nisto espero estar no caminho certo!!
Fico à espera da tua opinião e voltarei com novos episódios.

Ir para 2º episódio

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A televisão e a família

Faz algum tempo que discutimos cá em casa a presença ou não da televisão, estamos seriamente a pensar vender ou mesmo oferecer, ela raramente é usada e cada vez que o fazemos ficamos com a ideia que perdemos tempo, muito raramente se aprende alguma coisa (quando isso acontece não nos podemos esquecer que poderíamos saber o mesmo em menos tempo através de livros ou da Internet) e quando queremos ver um filme para nos divertirmos e/ou descontrairmos não há necessidade de sermos bombardeados por publicidade, passando um filme de 2 horas a demorar 3h, basta simplesmente arranjarmos um DVD.
Tenho andado a pensar no papel da televisão nas famílias, da televisão actual na qual não consigo encontrar alguma coisa que valha a pena, fiquei chocada com as novelas que passam na televisão, uma tal de "Mundo de Pati"... o que é aquilo? Acho sinceramente que programas deste tipo "burrificam" aqueles que  o vêem. Mas não é só os conteúdos que esta caixinha preta nos mostra que me deixam perplexa mas também o tempo que as pessoas passam frente a este. Acreditam que não conheço uma única casa portuguesa em que não exista uma televisão na cozinha? Quando pensei nisto fiquei chocada...
Sobre este assunto encontrei um artigo muito interessante que aconselho a leitura:

"A televisão como novo membro de família"

Dra. Lara R. Alves, Psicóloga Clínica
As famílias portuguesas estão, cada vez mais dependentes da televisão. Esta ideia, embora já bastante discutida, assume nova importância quando empresas de sondagens divulgam dados reais.

O consumo de televisão aumentou 4,6% entre Janeiro e Outubro face a igual período em 2003. Nos primeiros 10 meses de 2004, cada residente no Continente com idade superior a 4 anos, viu, por dia e em média, 3 horas, 32 minutos e 17 segundos de televisão.
É ainda importante referir que embora sejam os jovens que vêem menos televisão (comparando-os com idosos acima dos 65 anos e donas de casa), é na classe etária entre os 15 e os 34 anos que se regista uma maior subida, rondando os 10,3%.
Temos então que pensar não só no que poderá estar a levar a um aumento do consumo da televisão mas também nas implicações que advêm dessas razões e nas suas consequências para a educação dos jovens de hoje.
Para compreendermos este fenómeno, em primeiro lugar, é necessário compreender a mudança de características e de valores que a sociedade tem sofrido.
A sociedade outrora simplista, virada para o sacrifício, para a moralidade e para a palavra, está agora orientada para o consumismo, para o hedonismo (busca do prazer), para a amoralidade e para o sentir. Basta para entender esta mudança observar a evolução da banda desenhada, antigamente repleta de balões com texto e agora com apenas imagens.
Neste sentido, é natural que os jovens procurem, dentro desta ordem de ideias, estímulos e comportamentos orientados para esta busca do prazer e do sentir. A televisão aparece assim como o meio mais prático e mais barato para satisfazer esta busca.
Esta razão, por si só poderá explicar o aumento da visualização da televisão na sociedade portuguesa, no entanto existem outros factores que podem estar a influir este comportamento. É necessário avaliar até que ponto poderão os pais estar a fomentar este consumo: quantas vezes se ouvem frases como “deixa-te estar sossegadinho a ver televisão!” ou “vai ver televisão e não chateies!”.
Estas frases parecem demonstrar um profundo mal-estar familiar onde os filhos são tratados como um mal de que é necessário prevenir de contacto, eliminando o verdadeiro modo de educação, “o estar com…”, onde é essencial a relação humana ao invés de apenas co-habitação. Estes comportamentos acabam por criar assim uma cultura apreendida de consumo da televisão.
Parece ainda existir algo mais… parece que as crianças acabam por desenvolver desde uma idade bastante precoce uma “relação” de companheirismo com a televisão pois esta acaba por ser a companhia após a escola, na hora das refeições e na ajuda dos trabalhos de casa.
Não será pois de estranhar que, segundo o relatório anual da OCDE, a família portuguesa seja aquela que em toda a Europa passa menos tempo com os filhos. A televisão acaba por ser a única coisa que colmata a necessidade de segurança e de afectos que a criança necessita.
Por outro lado, é preciso ainda pôr a hipótese que a televisão poderá ser a única fonte de ligação familiar: basta pensar nas famílias em que o único contacto familiar social se rende ao serão em frente à televisão visionando a telenovela, um filme ou um concurso televisivo. Esta acaba por ser uma forma negligente de cuidar que, a longo prazo traz danos afectivos e relacionais graves.
A criança aprende deste modo a relacionar-se com os outros, comprometendo não só a socialização familiar mas também a socialização com os pares.
Sendo este o único modo que conhece de relacionamento, progressivamente, vai assimilando-o como normal e ensinando-o aos seus próprios filhos.
Passando de geração em geração, acaba-se por formar uma cultura de consumo televisivo, tornando estas questões cada vez mais problemáticas e enraizadas socialmente.
Visto que, ao que parece a televisão encontrou um lugar como um novo membro da família, é essencial debruçarmo-nos sobre o tipo de informação que esta passa para as nossas crianças. Tirando alguns programas, de um modo geral a televisão apresenta uma grelha deficiente em termos de valores e educação.
Resta-nos ter esperança que os canais televisivos adoptem uma posição de educador, orientando as suas grelhas para algo mais que programas que rasam a demência e a idiotice apostando na informação para a cultura.
A televisão acaba então, por se tornar um elemento de socialização familiar mas também de companheirismo e educação para a sociedade.
Mas a que preço? As relações afectivas e humanas tornaram-se negligentes. Todos vêm televisão em conjunto mas, intimamente sozinhos. Todos se sentam a uma mesa em conjunto, mas sozinhos com eles próprios… e com a televisão. A televisão tornou-se hoje, um elemento compensador da solidão e da falta de afectividade, quase um mecanismo de defesa que inconscientemente alastrou a toda a sociedade.
Qual a solução? Simplesmente desligar a televisão quando em família, sentar no tapete e brincar com o seu filho, transmitir os seus valores, critérios e atitudes: acima de tudo… educar e aprender a recuperar algo estrondosamente bom: os afectos.
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