segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Interpretação das curvas de crescimento

Quem de nós, mães, não se deparou já com as curvas de crescimento, que a cada consulta com o pediatra lá vai ele pesar e medir o nosso pequeno e analisar no gráfico se está tudo dentro dos parâmetros.
É acerca desta analise que hoje vos quero falar. A quantas de vocês o pediatra já disse que o vosso filho está abaixo do peso? A quantas de vocês foi aconselhado a adição de suplemento (LA)? 
Eu conheço vários casos pessoalmente e alguns li em blogs que sigo e isto me fez pensar.
Sou seguidora fiel de Carlos Gonzálvez (doutor em Pediatria e escritor de vários livros sobre a criança e a alimentação  infantil). Ele defende que as curvas de crescimento são, a maioria das vezes, mal interpretadas pelos profissionais de saúde e explica os erros que frequentemente são cometidos. Erros estes, que levam muitas vezes ao insucesso da amamentação, à introdução de complemento quando este não é necessário ou mesmo em casos mais graves à obesidade infantil.
Neste vídeo, Carlos Gonzálvez deixa todo muito claro, apresentando até alguns exemplos práticos, visto o vídeo estar em espanhol e eu achar que o assunto merece ser partilhado com vocês fica aqui o meu resumo para aqueles que não dominam a língua.


Estudos realizados mostraram que as antigas curvas de crescimento (norte americanas e que eram usadas pelos pediatras) não coincidem com gráficas realizadas com um conjunto de bebés amamentados durante um ano. Os bebés exclusivamente alimentados com leite materno engordam mais rapidamente no inicio da sua vida, mas a partir dos 2-3 meses engordam menos e estas curvas de crescimento indicam que a maioria destes bebés estão abaixo de peso e daí a implementação de suplemento. E porque é que assim é?
As gráficas antigas foram elaboradas a partir de um grupo de crianças que não tinham sido exclusivamente amamentadas, o que conduziu a um problema grave: a partir dos 2-3 meses de idade de bebés amamentados as mães eram levadas a achar que os bebés não estavam a mamar o suficiente ou que o leite estava a falhar, Eram mesmo aconselhadas pelos médicos a adicionar complemento, o que levava a consequente diminuição do leite materno, tornando aos olhos da mãe a premissa irróneamente correcta.
Com estas curvas de crescimento não foi tido em conta que existe um padrão de crescimento distinto entre bebés amamentados e bebés com LA, estes últimos alteram o seu metabolismo e acabam engordando mais.
Devido a estes factos as curvas de crescimento foram recentemente actualizadas e podem ser consultadas neste site: http://www.who.int/childgrowth/standards/en/ No entanto, existem muitos profissionais de saúde que ainda utilizam as curvas de crescimento anteriores.


Continuam mesmo assim a existirem erros na interpretação das curvas de crescimento.
O que são afinal estas curvas? 
São conjunto de curvas adequadas para avaliar o crescimento e estado nutricional tanto de grupos de população quanto de crianças em idade pré-escolar. São feitas recorrendo a um número elevado de bebés (bebés saudáveis) que são pesados e medidos e a partir dos valores obtidos construídos gráficos.
O que significa então o percentil 50?
Significa que 50% dos bebés usados na construção do gráfico (os quais pretendem representar a população) têm um crescimento segundo está linha de percentil.
Se o bebé está abaixo do percentil de 3% pode ser um bebé que está com problemas, mas também pode ser um dos 3% de bebés que é perfeitamente normal, simplesmente tem um baixo peso em comparação com a média da população.
Ou seja, quando se diz que os bebés têm que crescer de acordo com as curvas de crescimento quer dizer que numa população (cidade, pais) tem que haver mais ou menos 50% de crianças abaixo do percentil de 50%. Se por exemplo nesse pais não existe 50% de bebés abaixo do percentil 50 quer dizer que este país pode estar a sofrer um problema de obesidade infantil. O mesmo ocorrendo quando num pais não existem 50% de crianças acima do percentil 50%, indicando este problemas de desnutrição.
A aplicação das curvas é óptima para estudos de população, a sua interpretação a uma criança tem que ser diferente e feita com muita atenção.
Dizer-se que quando um bebé está abaixo da média está mal. É um erro frequente e grave. É uma média. Certo? Se todos os que estão abaixo desta ficarem acima, esta deixa de ser a média.
Este erro na interpretação das curvas está a levar-nos a problemas graves de obesidade infantil, pois se se pensa que estar  abaixo da média não é normal, acaba-se por conseguir que todas as crianças fiquem acima da média.
A última recta não significa o mínimo. O que significa o 3? Significa que 3% dos bebés que entraram na pesquisa que eram completamente saudáveis e que representam uma população, estão abaixo desta linha. Logo se o deu filho está abaixo do percentil 3 pode fazer simplesmente parte desse 3% da população de bebés saudáveis. Aqui o pediatra deverá analisar a situação com uma atenção especial.
O seu filho está no percentil 25? É uma criança saudável? Então, muito provavelmente, ele faz parte dos 25% da população que segue este peso.

O que temos de ter em atenção na interpretação dos gráficos:
- As linhas de percentil não são caminhos a seguir, são sim resultado da média de um conjunto de pontos que levaram à sua obtenção. A linha de crescimento do seu filho não será  seguramente uma linha perfeita;
- Bebés exclusivamente amamentados não aumentam de peso de forma igual a bebés alimentados com leite artificial;
- É normal nos primeiros 6 meses de vida cruzar a linha de percentis o que não indica, salvo raras excepções de doença do bebé, problemas, o bebé está sim a encontrar a sua normalidade;
- Emagrecimentos bruscos devem ser analisados com atenção;
- Grandes variações na relação peso e altura devem ser consideradas, se o filho tem uma altura muito inferior à média e um bom peso não se trata de um problema de alimentação, mas poderá indicar problemas endócrinos;

O mais importante é escutar a mãe, respeitar a sua preocupação. Antes de dar suplemento o mais indicado é analisar como está a ser o bebé alimentado, se está a ser amamentado a que intervalo de tempo ocorre cada mamada. O bebé pode não estar com problemas mas na maioria dos casos o suplemento é aconselhado e este vai piorar a produção de leite.
Existem casos em que o bebé engordou 80g e segundo a interpretação do médico deveria engordar 85g  e lhe é dado suplemento!! Neste caso este não faz sentido. E sei que não é fácil para uma mãe, que não quer certamente ver seu filho a passar mal, recusar a opinião do médico. Mas vamos pelo menos tentar estar mais atentas na interpretação feita a estas curvas e não nos fixemos excessivamente a elas.
E claro que infelizmente existem crianças com problemas de peso e mães com problemas de produção de leite mas estes não são a maioria e deverão ser correctamente diagnosticados.

Espero ter deixado claro o que queria transmitir, pois considero o assunto muito importante, mas não foi nada fácil  :)
Uma óptima semana

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Natureza do ser

O meu Ser é natural e fisicamente posso ter a forma humana mas o meu Ser contém muito mais do que isso. Dele fazem parte a família que me deu as raízes (que me identificam como eu mesma) e também os ramos para eu ir longe, eu enchi-me de folhas, umas mais especiais que outras, umas caíram em determinado Outono, outras renovam-se a cada Primavera. Existe também aquelas que permanecem, são folhas perenes, seja Verão ou Inverno elas estão sempre lá e eu sei disso. Depois existe aquele que prolongou seus ramos até mim e desde então partilhamos o nosso fruto.
Existe momento mais especial que o brotar de vida a cada Primavera e que o renovar a cada Outono.
Pois é, a Natureza tem destas coisas, para a mim, o Outono é a proximidade do Inverno, mexe com as minhas sensações. Sinto falta da família, sinto a nostalgia. Sinto o tempo a passar... 
Mas apesar disso sinto que é tempo de renovação, é tempo de deixar para trás o que não nos traz satisfação, o que nos queima as energias. Existem coisas e pessoas que nos arrancam as energias e eu ralava-me com isso.  Este Outono estou a trabalhar para a renovação, um novo inicio na minha vida. Quero usar as minhas raízes para ganhar nutrientes e forças e os meus ramos para levar perto da luz as minhas folhas. Quero entrelaçar-me nos ramos que me aconchegam e quero partilhar a minha alegria.
Pois eu tenho uma família que estou a criar. Tenho fruto que dará semente e que só germinará se eu lhe der a protecção e os guias que ele precisa. Se eu por minha vez o ajudar a criar raízes e ramos. Para se sentir seguro... para ir longe.
É nestes momentos que eu ganho força para dedicar a minha vida à minha família, a esta família que eu quero cuidar, que eu quero fazer germinar de sucesso e muita felicidade. O céu está cinzento, a temperatura muito baixa, mas aqui no meu Ser não sinto frio. Sinto o aconchego...

Haverá razão de ser maior que não seja manter o nosso Ser nutrido e saudável??!!

(não liguem ao meu devaneio de pensamentos, aqui em casa reina o silêncio, os meus dois tesouros já dormem.. e eu deixei a minha figura humana voar em contemplações soltas, não tomei nenhum narcótico descansem... )

Ler para as crianças - efeitos positivos

A capacidade e interesse na leitura construí-se desde bem cedo. Ler em voz alta para os nossos filhos é um óptimo começo para interessar a criança pela leitura. E nós como pais podemos ajudar nesse processo, podemos despertar nos nossos filhos o entusiasmo por livros, a curiosidade pelos textos, novas ideias, pessoas e visões do mundo. E podemos começar bem cedo, existem livros para todas as idades, desde livros só com imagens para bebés até livros de fantasia e aventura para crianças na escola. Escolha e variedade não falta e a meu ver qualidade também não. E a importância da leitura é de conhecimento de todos, eu até já falei nisso aqui e aqui.
Como eu já tantas vezes referi e que não é novidade para ninguém: Os pais são o modelo dos seus filhos. E estes desenvolvem-se à imagem deles. Quando os pais lêem regularmente (e lêem também para os filhos) despertam não só o interesse em livros como o interesse das crianças a começarem a ler regularmente.
A regra é: Leia regularmente para o seu filho. As crianças acostumam-se muito facilmente à rotina do cotidiano, integrar no seu dia a dia momentos de leitura não será difícil se estes se tornarem uma rotina.
Se a criança se anima com a leitura irá passar ao longo do tempo de uma actividade proposta pelos pais para uma imposta pela criança. Criando desde já os alicerces para o futuro leitor.

A leitura em voz alta para os nossos filhos tem muitos efeitos positivos:
  1. Fortalece o contacto social - ao lermos para o nosso filho estamos a construir uma estreita relação, um vínculo com ele. Oferecemos-lhe atenção, amabilidade, segurança ...  o resultado disto observa-se muitas vezes durante a sessão de leitura quando a criança pede contacto físico, um abraço, um mimo;
  2. Reforça as ligações emocionais - entre a criança e o leitor, os sentimentos vividos pela história são partilhados por ambos;
  3. Através da leitura as crianças vivem novas experiências - experiências que nem sempre são possíveis viver no dia-a-dia. E aqui refiro-me não somente a experiências emocionais e sociais mas também intelectuais. Por exemplo se no final da história fizermos perguntas e o nosso filhos tentar responder, se tentarmos juntos prolongar a história ou pedir-lhe que faça um desenho sobre o que lemos.
  4. A leitura promove o interesse - Mesmo quando a criança já ouviu a história mil vezes, esta vai continuar a ensiná-la a aprofundar os conteúdos. Ela irá conseguir encontrar sempre algo novo, uma nova perspectiva de ver e analisar a história.
  5. Aumenta as competências linguísticas - aumenta o vocabulário e promove a interiorização automática das regras gramaticais mesmo antes de as conhecer. 
  6. Estimula a imaginação - Esta nem preciso comentar, certamente já todos ouviram uma criança a tentar recontar a história, fazendo imagens mentais desta, acrescentando as suas vivências do dia-a-dia e até mesmo criando uma nova história :)
  7. Promove a concentração - Mas temos que ter atenção na idade do nosso filhos e não massacrá-lo com leituras excessivas.
  8. Estimula o sentido de orientação - Os acontecimentos numa história são descritos temporalmente, e a criança desenvolve a capacidade de os identificar e se orientar por eles.
  9. Aumenta os horizontes- Estimula o nosso filho a usar os livros como uma fonte valiosa de entretenimento e auto-informação. Apenas aqueles que desenvolvem uma boa habilidade de leitura, pode ao longo de toda a sua vida aprender.
E as vantagens de lermos para os nossos filhos não terminam quando este aprende a ler. Bem pelo contrário passa a fazer ainda mais sentido.
E porque é tão importante? Repara em ti mesmo, acabaste de ler este post sem mesmo pensares nas letras e estrutura das frases o que quer dizer que conseguiste completamente sem problemas entender o que aqui escrevi (assim espero). Sem esforço ou dificuldade porque tens todas as competências de leitura interiorizadas.
Uma leitura fluente precisa ser treinada. As crianças precisam nos seus primeiros anos uma grande concentração - elas ainda não possuem esta fluidez em ler e ao mesmo tempo entender o conteúdo. Motiva sempre o teu filho para que o auto-interesse na leitura nunca se perca.

Uma pequena dica: Lê novamente os efeitos positivos da leitura que escrevi, mas agora direcciona-os para ti mesmo. Ler é óptimo para todos.
E lembra-te: Ler para os nossos filhos não pode ser um momento de sacrifício para nós, mas sim um momento que damos a nós próprios. Um momento que presenteamos a nós e ao nosso filho juntos!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É possivel ser feliz comendo brócolos

Como já referi faz algum tempo aqui sou bastante rígida e atenta quanto à alimentação do meu pequeno. Hoje li no blog da Thelma um post fantástico, um testemunho que merece os meus parabéns. É a escrever algo do género que me quero ver fazer daqui a 2 anos.
Eu poderia escrever sobre o assunto e dar o meu ponto de vista mas a Thelma disse tudo, e concluiu lindamente. Desculpa-me pelo abuso mas faço minhas as tuas palavras:



"Eu acredito que uma criança não sente mais prazer com uma bala cheia de corantes do que chupando uma manga suculenta, com o caldo escorrendo pelo braço. E duvido que seja mais divertido lamber um pirulito do que fazer barulho para tomar a poça de suco que se formou no fundo de um prato cheio de melancia docinha.
Acho que o segredo é não transformar a alimentação em problema, em sofrimento. Aos seis meses, quando os alimentos vão sendo introduzidos aos poucos, podem chegar com alegria às mãos dos bebês. São como brinquedos macios e coloridos para levar à boca, como eles gostam de fazer com tudo o que encontram.
Esse momento é importantíssimo, é a hora de abrir a porta para um mundo de sabores, aromas, texturas, consistências, cores, muitas cores! E enquanto a criança aprende a comer está desenvolvendo linguagem, coordenação motora, percepção e discriminação visual; está construindo cultura, criando comportamentos, formando hábitos para uma vida longa e saudável."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quando devemos começar a ensinar o bebé o certo e o errado?

Já várias vezes foi feita esta pergunta ao maravilhoso motor de pesquisa do Google e este direccionou para o meu blog e para que não volte a acontecer as pessoas chegarem aqui e não encontrarem a resposta directa ao seu problema decidi responder directamente :)
Pois é, eu tenho a resposta. Embora seja autodidacta em muitas áreas não sou especialista em educação, em psicologia do desenvolvimento, em gestão do desenvolvimento infantil e mais uns quantos "ãos" e "logias, mas tenho a resposta.
Aqui vai: Devemos começar a ensinar o bebé o certo e o errado desde que engravidamos.
Não passas a comer mais saudável? Não deixas de fumar? De beber álcool? Não te preocupas mais com o teu bem estar? Com o teu humor? Até com os teus desejos?
Pois eu acredito que é aqui que começamos a ensinar o certo e o errado aos nossos filhos e continuamos este processo até que eles sejam capazes de por si só analisarem os seus actos corrigi-los e adaptá-los a cada situação da sua vida.
Agora deixando este tom mais de brincadeira mas ao mesmo tempo sério, o que eu quero dizer é que ensinar o certo e o errado é feito pelo exemplo e partilha de confiança que nós damos aos nossos filhos, com o exemplo que deixamos a todas as crianças em geral. Em quem mais elas poderão confiar e seguir se não formos nós adultos. O nosso papel é acima de tudo dar o exemplo.
Se deres um bom exemplo ao teu filho, se partilhares com ele confiança, carinho e atenção, se lhe deres o seu espaço mas ao mesmo tempo os seus limites, acredita que será muito fácil ele compreender o que é certo ou errado. Mesmo quando se trata de pequenas coisas, como por exemplo, não mexer no fogão porque se pode queimar, conversa com o teu filho, ele confia em ti... dá-lhe atenção e ensina-lhe o que é estar quente ou frio, ele entenderá. E até coisas mais sérias como é errado roubar, é errado bater... nestas nada melhor que o bom exemplo, não acham?
E ensinar o que é certo, como se faz? Esta então é de caras... é certo partilhar carinho, é certo ajudar, ser-se simpático, respeitar o próximo... como vamos ensinar o nosso filho? Simples. Dando o exemplo mais um vez. E quando o devemos fazer? Já, agora e sempre....

Eu ainda acredito que ser boa pessoa, praticar o bem é daquelas epidemias bem contagiosas...
"Faz aos outros o que gostas que te façam a ti"
E tu? Dás um bom exemplo?

Espero ter enriquecido os resultados das pesquisa no google :)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O meu filho não pára quieto - uma questão de concentração

Quantas vezes já eu ouvi mães a lamentarem-se que os seus filhos não param quietos.... Pois é, todas as crianças pequenas, desde que saudáveis, são curiosas e interessadas, são imparáveis mas isso é completamente normal.
No entanto, existem crianças que durante todo o dia não param nem um segundo, não conseguem estar sentadas ou concentradas num brinquedo por uns minutos. Não conseguem estar sossegadas, não conseguem estar à mesa e dormirem uma sesta ou adormecerem de noite é um drama.
Como poderemos ajudar os nossos filhos a encontrarem momentos de calma e concentração?
Li um artigo aqui (está em alemão e farei aqui um resumo do que achei mais interessante). Neste artigo defende-se que uma criança que não consegue encontrar momentos de calma e concentração não está em equilíbrio, pois para um desenvolvimento saudável tem que existir um equilibrio entre os momentos calmos e os momentos de actividade e exercicio.
Mas então quando desenvolve a criança esta capacidade de concentração e encontra este equilibrio?

Desde os primeiros dias de vida no nosso filho começa a desenvolver a sua capacidade de concentração. Nesta fase eles começam a colocar os dedos na boca e sugam, olham com atenção para as suas próprias mãos, começam a mexer os dedos. Com cerca de 3 meses a coordenação mãos-olhos já está bastante desenvolvida e ele consegue mesmo observar e mexer as duas mãos ao mesmo tempo. Quando o nosso bebé estiver neste "jogo de mãos" conseguimos ter noção de quão alerta e concentrado ele está. Nestes momentos é importante não distrai-lo, não lhe oferecer nenhum brinquedo, deixando-o simplesmente estar concentrado e ocupado com as suas mãos.
Com cerca de 4 a 5 meses começa a pegar em brinquedos explorando-os e colocando na boca, isto requer uma grande concentração e persistência. Também já é capaz de se concentrar com o olhar em objectos ou brinquedos que estejam bastante afastados. Chamando mesmo a atenção dos pais para que lhe deêm o que ele viu e quer perto dele. Nesta fase e até cerca dos 9 meses, por vezes é difícil para os pais perceberem o que o bebé quer, é essencial uma boa ligação entre ambos, os pais que conseguem responder positivamente a estes momentos estarão a ajudar no desenvolvimento da concentração.
Dos 10 aos 12 meses o bebé tenta imitar o que nós fazemos quando brincamos com ele, como por exemplo, empurrar um carro, atirar uma bola, colocar copinhos uns dentro de outros. Devemos dar ideias de como deve brincar mas sempre devagar e uma coisa de cada vez.
No 2º ano de vida a concentração desenvolve-se pela repetição. Quando o nosso filho se diverte com um brinquedo vai querer sempre repetir, vai querer ouvir sempre a mesma história ao deitar (o Leo quer sempre a história do patinho que faz anos :) ) e pela 10ª vez quer que cantemos a musica preferida (já passou pela fase do Alecrim e agora quer sempre uma musica alemã... que não me falte a voz eheheh). Esta fase da repetição é muito importante, embora para nós pais por vezes se torna aborrecida, mas a criança vai de todas as vezes descobrir algo novo.
No 3º ano de vida, um ano de persistência... Não é um sinal de falta de atenção quando a criança fica inquieta durante uma brincadeira, correndo ou começando outra actividade. Nesta fase eles ainda não são capazes de se concentrar por mais de  5-7 minutos de cada vez. Nós podemos ajudar mostrando um novo brinquedo com o qual se possa distrair sozinho. São muito interessantes nestes momentos os Legos e puzzles e outros brinquedos de montar. Além de desenvolverem a criatividade são óptimos para a concentração.
Dos 4 aos 5 anos entramos na fase da inspiração. O nosso filho está cada vez mais capaz de perseguir metas e fazer todos os esforços para alcançá-las. Para desenvolver a concentração e perseverança precisa de se sentir bem, divertido com o que está a fazer. Nesta fase muitos elogios e comentários positivos incentivam o nosso filho a atingir os seus objectivos. Melhor incentivo à motivação não existe!
No 6º ano de vida, "Não dar o braço a torcer" é a máxima. Até entrar na escola a criança deve ser capaz de se concentrar entre 20 a 30 minutos mesmo que a actividade não o motive muito. Para tal nós podemos ajudar, incentivando de forma atenciosa e com carinho a que a criança termine a actividade que se propôs. Por exemplo, está a fazer um puzzle e desiste, devemos tirar um pouco do nosso tempo para o ir ajudar motivando-o assim a completá-lo. Estamos juntos a ler um livro, ele só deve ir embora quando terminarmos, podemos motivá-lo questionando com o que virá a seguir na história. Ele está a fazer um desenho e não tem interesse em terminar, neste caso podemos mostrar-nos interessados no que ele desenhou e questioná-lo sobre o desenho, motivando-o a continuar concentrado a desenhar.

E se desta forma, brincando atenciosamente com o nosso filho, dando-lhe cada oportunidade a cada fase do seu desenvolvimento, tenha como resultado uma maior concentração e ele consiga melhor alcançar o equilíbrio saudável entre a calma e a actividade, eu estou nessa corrida, e vocês?

Deram-me dois Carinhos

Já estava em falta para postar este selo que a Sarah me ofereceu, ela tem um cantinho lindo: o  Mãe do Bento, obrigada és uma querida.

E hoje mesmo fui me deparar com mais um carinho oferecido pela Adri do Caixinha da Adri, digam lá que não é começar a semana em alta. Obrigada Adri adorei.
 

Ambos os selos pedem para repassar a 10 pessoas mas como é muito difícil escolher pois adoro todos os Blogues que sigo e todos vocês merecem este carinho vou repassar a quem mais comenta, que tal? Adoro receber comentários, pois fazem-me bem, fazem-me pensar que não escrevo para o vazio, fazem-me reflectir ainda mais sobre o assunto e por vezes ajudam-me a reformular as minhas opiniões. Obrigada mesmo a todos os que mais comentam são uns amores. Podem levar os dois selos ou aquele que acharem mais giro :)
E os nomeados são:
ESpeCiaLmente GaSPaS
Alma
Um beijo para todas e uma óptima semana

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Educar à mesa: o que vai além da educação alimentar

Do livro "Quem Ama, Cuida"  de Américo Canhoto, partilho hoje com vocês as atitudes e valores que podem resultar de uma boa educação à mesa. Atitudes que vão muito além da Educação Alimentar, esta não menos importante, mas que ficará para discutirmos numa outra oportunidade.
Atitudes e valores que podem ser desenvolvidos durante as refeições:

Paciência – Aguardar nossa vez com calma, mastigar correctamente o alimento;
Respeito – Consumir apenas o necessário, respeitar o organismo. Esperar que os outros se sirvam primeiro;
Humildade, gratidão, consideração – Agradecer pela refeição. Elogiar o esmero com que o alimento foi preparado e agradecer, se for o caso, a quem nos convidou para a refeição;
Solicitude, humildade – Servir os outros, facilitar para que as pessoas se sentem à mesa ou se levantem;
Caridade, respeito, sobriedade – Evitar julgar aquele que cometeu algum deslize na mesa, não tecer críticas ao que foi servido;
Sobriedade – Não encher o prato, levar o alimento à boca em pequenos bocados, evitar ruídos ao beber e não bater com os talheres no prato;
Parcimónia, moderação – Comer o suficiente; servir-se sempre pensando primeiro nos outros;
Frugalidade – Comer apenas o indispensável. Economizar nos temperos;
Perseverança – Evitar alimentos que levem ao vício e à compulsão; alimentar-se conforme as necessidades;
Firmeza de carácter – Recusar os alimentos indesejáveis ao seu organismo com delicadeza e sem maiores comentários;
Modéstia, simplicidade – À mesa, evitar gestos teatrais ou etiquetas descabidas. Quando aprendemos a sentir o gosto e o odor de cada ingrediente não inventamos misturas que não combinam;

É interessante termos a noção que pequenas atitudes à mesa podem resultar em princípios e valores no nosso intimo e que poderão ser usados naturalmente por cada um de nós no dia a dia.
Do meu ponto de vista, impor nas crianças estes comportamentos com o intuito de lhes desenvolver estes valores será uma imposição que ficará vazia, sem valor se não for acompanhada com o nosso exemplo. Não podemos exigir que o nosso filho comam com calma e mastigue bem, desenvolvendo a sua paciência, se nós mesmos comemos a correr, não acham? Sei que por vezes é complicado juntar todos à mesa, atitude esta que é mais uma oportunidade em família de desenvolver, a meu ver, valores como a amizade e a confiança, mas se nos organizarmos e fizermos por isso é possível, nem que seja uma só refeição por dia.
Para mim a hora das refeições é um momento essencial na construção de uma família, é um momento de partilha das experiências vividas no dia a dia e embora nem sempre seja possível reunirmo-nos à mesa é algo que fazemos com frequência. E se juntamente a este momento em família podemos estar a tornar-nos melhores pessoas melhor ainda.
E você come em família e dá o exemplo?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

As formas de distribuir carinho II

Nos últimos tempos ando muito inspirada com as agulhas e a máquina de costura :) e o Leo tem ganho uns carinhos extras, foram as pantufas  e agora este álbum de fotos em tecido com fotos da família que está longe. Como já contei aqui vivo longe da família, mas apesar disso quero muito que o "meu mais que tudo" se sinta ligado a ela então agora ele pode vê-los e dizer o nome deles  :) sempre que lhe apetecer o álbum fica sempre na caixinha de brinquedos :)
E como eu já disse existem imensas formas de distribuir carinho e fazermos o nosso pequeno mais feliz, não é verdade?
Estes posts saem um pouco da linha principal deste blog, mas quis partilhar com vocês. E como está ai a chegar o Natal ficam também como ideias de prendas.














Um óptimo dia para todos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Os pais também fazem birras

Tenho andado bastante cansada o que me faz ter menos paciência, sou daquelas pessoas que se não durmo bem tenho que lutar contra o mau-humor grande parte do dia. E como os pais bem sabem ter um bebé em casa é (pelo menos por uns tempos) sinónimo de noites mal dormidas, de sonos interrompidos. Conclusão: mãe cansada, mãe rabugenta... mãe que até faz birrar...
Sim birra e já não tenho 3 anos...
Tenho andado seriamente a pensar no assunto e acho que muitas vezes os nossos pequenos ficam chateados, batem o pé, choram sem motivo para isso, somente porque Nós é que estamos sem paciência, porque dissemos um "não" que não havia necessidade e não queremos ceder - Fazemos Birra.
No outro dia o Leo queria brincar com as molas da roupa, mas como já havia pelo chão da sala imensos brinquedos espalhados eu disse que não e tentei distrai-lo... Mas o Leo estava mesmo com vontade e começou a chorar e a barafustar... foi então que fez "clic" na minha cabeça. "Estou a fazer birrinha!" Porque é que o Leo não poderia brincar com as molas? Não se vai magoar, não vai estragar, então porque eu disse não???
Acabei por me consciencializar que não estava correcto negar, dei algumas molas para ele brincar, ele adorou e esteve quase 30 minutos, ali no tapete a brincar com as molas, a explorar as cores, as formas, a atirar, a apanhar, super divertido (acreditam??), enquanto isso eu ainda tive um tempinho para mim. E no final ficou todo contente a ajudar-me a colocá-las de novo na caixinha.

Se uma criança é educada de forma a seguir limites bem estabelecidos, sou levada a crer que grande parte  das birras que esta fizer têm um motivo que nós pais podemos evitar: está cansada, tem sono, está num sitio com muita gente e isso deixa-a nervosa...
Se nós adultos temos autonomia para escolher os lugares e os momentos para fazer o que precisamos ou queremos será sensato ter isso em conta com os nossos pequenos, não acham?
E se eles quiserem brincar com coisas mais exóticas, molas de roupa, carrinhos de linhas... acho que não haverá grande problema e além disso será um momento rico na exploração de novos materiais e texturas. :)
Quantas vezes nós mesmo não nos distraímos por longos períodos de formas mais estranhas... eu ás vezes enquanto tomo o café rasgo em pedacinhos pequeninos o pacotinho de açúcar enquanto converso... e isso até me diverte :)
No fundo é tudo uma questão de atitude. Vou tentar canalizar as minhas energias positivas para todos os momentos em que tenho que cuidar do Leo, para estar bem disposta e fazer menos birras.
E vocês também fazem birras?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os pais devem-se envolver?

Maria de 6 anos gosta muito de brincar com o seu vizinho mais novo. Depois de algum tempo de brincadeira em que Maria tratava o pequeno com carinho, teve uma mudança de humor e tirou da mão do pequeno com alguma violência o balde de plástico e disse bem alto e zangada "É meu!". Ele ficou triste mas continuou a acompanhar Maria, esta não estava para brincar com ele e disse aos gritos "Deixa-me em paz, vai embora! Porque andas sempre atrás de mim? Eu quero estar sozinha."
A mãe do pequeno que observava a cena desde o inicio aproximou-se disse para Maria "Isso não foi bonito..." e confortou o pequeno que começava a chorar.

Como devem os pais reagir numa situação destas? Barafustar com a Maria? Proibi-la de brincar com o nosso filho? Isto seria exclusão social, e não ajudaria nenhuma das crianças, certo?
Nem todas as crianças são meigas e bem dispostas como aquelas que idealizamos que brinquem com os nossos filhos.
Já pensaram que Maria com a sua atitude pode-nos estar a mostrar inconscientemente, a sua própria experiência com frustração, rejeição. Nos tempo que correm não é nada incomum encontrar pais stressados e sem tempo (por vezes esta falta de tempo passa também pela falta de organização e prioridades, mas esta é outra história). Os pais sentem que não têm disponibilidade para lidar com os seus filhos. Os filhos acabam muitas vezes expostos a sentimentos que não conseguem lidar sozinhos como é o caso da rejeição, precisam de ajuda e acompanhamento.
Seria bom que os pais de Maria  tivessem isso em atenção. Mas infelizmente quando os pais se sentem criticados procuram, muitas vezes, mostrar que o que fazem é o melhor e não pensam que podem estar a errar. Mesmo os pais podem precisar de ajuda e compreensão de forma a ganharem confiança.
Não é fácil admitir que como pais estamos a falhar... não é fácil dar crédito a quem nos critica... os outros são pais e nós também. Por vezes, parece que a máxima que existe rege o ditado "Entre marido pais e mulher filhos, não se mete a colher."
Mas como se pode ajudar a Maria e proteger ao mesmo tempo as outras crianças? Os pais do pequeno, na história que contei, podem reagir com Maria de forma apreciativa, simpática e com atenção, embora esta atitude por vezes seja difícil de tomar quando vemos o nosso filho a ser mal tratado. Eles podem dizer-lhe algo como: "Eu entendo que possa não te apetecer mais brincar com ele. Já foi muito bom o tempo em que brincaram juntos. Mas então diz-lhe de forma mais simpática. Ou então, podes-me chamar e então eu brincarei com ele. Também não deves gostar quando alguém fala assim contigo." Talvez esta experiência positiva ajude Maria a lidar com os seus sentimentos, com as suas frustrações.
Este tipo de situações pode-nos custar tempo e paciência mas certamente que o resultado será gratificante. Maria aumentará a sua auto-estima ao sentir a sua atitude reconhecida. E certamente esta atitude positiva tanto da parte dos pais como da Maria será canalizará para as outras crianças.

E se o mundo que temos não é como nós o idealizamos para os nossos filhos o melhor a fazer é tomar atitudes e nada como atitudes de respeito, reconhecimento e carinho, não acham?
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