Quem de nós não gosta de consolar uma criança quando esta chora? E rapidamente eliminar o problema e deixar a criança melhor! E não apenas, porque temos pena da criança, mas talvez também porque nós mesmos não aguentamos, que um ser tão pequeno tenha problemas...
De quem realmente temos compaixão da criança ou de nós próprios?
Reparem neste simples exemplo, o vosso filho magoou-se e vem ter convosco a chorar. Não aconteceu nada de grave, apenas um arranhão, e vocês como pais poderão dizer: "Não foi nada, não precisas chorar", ou ainda: "Meu pobre menino! Não chores! Faz um sorriso para mim" e inicia-se então uma manobra de distracção.
Em ambos os casos, nem através da opressão nem do exagero, a criança se sente verdadeiramente compreendida. Os seus sentimentos não são reconhecidos, são minimizados ou mesmo negados. Pela atitude dos pais, prevê-se que estes sentimentos desagradáveis desapareçam tão rapidamente quanto possível. E é através do "Não chores mais!" que eles são naturalmente proibidos.
Pode parecer uma reacção inofensiva e natural dos pais, mas que praticada regularmente desencadeia comportamentos de bloqueio, incerteza e insegurança na criança. Ela recebe a mensagem: "Não posso confiar nos meus sentimentos", o que as confunde certamente. Ou ainda, "Não posso sentir o que sinto", o que dará à criança a impressão de que algo está errado com ela própria.
O que eu quero dizer com isto tudo é que nestas situações acabamos muitas vezes por perder o foco, prejudicando em certa medida o desenvolvimento do nosso "mais que tudo".
Mas qual será a atitude mais correcta?
Eu diria: Que basta estar presente e proporcionar alívio emocional.
Assim, para que uma criança se possa desenvolver bem emocionalmente são, do meu ponto de vista, necessárias duas coisas: que as emoções sejam aprovadas e que a criança tome responsabilidade das mesmas, ou seja, que a criança auto-avalie quanto ruins ou sem importância os acontecimentos do momento foram para ela e desta forma procurar solução para os seus problemas.
Isto parece complicado, mas basicamente o que eu quero partilhar é bem simples. Em vez de um "Não chores!" pode ser um "Acho que te magoas-te"(o que podemos denominar de Active listening ). Isto faz com que a criança sinta um alivio emocional, ela sente-se compreendida.
E nós não deixaremos de estar presentes para a ajudar, aconchegando-a e acalmando-a com um mimo, um abraço, deixando-a vivenciar os seus sentimentos e quando se recuperar é provável que não se lamente, mas sim se sinta levada a sério e compreendida.
Tudo poderá então terminar num: "Não foi tão ruim assim.Vou brincar outra vez." Fazendo, naturalmente, uma grande diferença sermos nós a dizê-lo ou a própria criança por si mesma, neste último caso teremos a prova que a nossa atitude funcionou.
E claro que poderemos perguntar-lhe: "O que te poderá animar agora?" ou simplesmente agirmos, calmamente. Mas mantendo sempre longe o conforto barato e mais rápido, aquele que reprime e elimina os sentimentos desagradáveis.
Ouça as reais necessidades da criança. Estar presentes, conscientemente em cada situação é muitas vezes suficiente.
Se o nosso filho é levado a sério e pode expressar as suas próprias emoções, desenvolve um bom equilibrio mental e não é emocionalmente bloqueado. Desta forma, ele aprende com o nosso apoio a ser competente e confiante o suficiente para cuidar de si próprio.