Mostrar mensagens com a etiqueta Concentração. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Concentração. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Criança independente: "Ajuda-me a fazer sozinho"

Com a chegada do 2º aniversário a criança começa a querer ser mais independente, começa a ter capacidade para isso mas como em todas a fases do seu desenvolvimento precisa do nosso apoio, da nossa compreensão, paciência e calma... Este é um momento crucial para a criança construir o seu espaço e o seu momento de brincadeira sem ter que estar sempre junto da mamã e do papá.
O Leo sempre foi uma criança que requisita muito a nossa atenção, não gosta de brincar sozinho, mas começa a entender que existem momentos que a mamã tem outras coisas para fazer e ele tem que se ocupar sozinho.
Ouço muitas vezes mães a lamentar-se que o seu filho não consegue brincar sozinho (ok o Leo só brinca sozinho por 15 min no máximo), que o pequeno quer sempre que a mamã brinque com ele (compreensível  com companhia é bem mais divertido), que não consegue fazer as tarefas da casa sem que ele esteja sempre a seu lado, que se ele fica sozinho 5 minutos começa a chorar (aqui também é assim).
Estas coisas também acontecem cá em casa mas estão a tornar-se cada vez menos frequentes , pois o Leo está cada vez menos dependente... cada vez mais um rapazinho capaz... mas para que ele se torne ainda mais capaz precisa da minha ajuda.

O que considero muito importante, nesta nova fase do seu desenvolvimento é deixá-lo respirar, é não estar sempre ao seu lado, é deixá-lo construir o seu próprio espaço.
Tentar ao longo do dia não estar sempre a postos para satisfazer os pedidos do pequeno. O que não quer dizer, naturalmente, que a estratégia é deixa-lo sozinho e ele que se vire, mas sim quando ele quiser alguma coisa tentar contrapor o pedido com perguntas de forma a ele próprio tentar resolver o seu problema, chegar a uma solução para a sua necessidade. - Seguindo a máxima: "Ajuda-me a fazer sozinho"  e não "Faz por mim".
O Leo está a deixar de ser um bebé e esta transição tem que ser feita também por mim mãe, não é verdade?

Por exemplo, ele quer mas não consegue calçar o sapato sozinho ou ele quer construir alguma coisa com os Legos e a sua construção cai, aí chama a mamã para que ela faça por ele, tornando tudo mais fácil.  A melhor estratégia será perguntar-lhe: - "O que queres mesmo fazer?" "Se queres fazer uma torre, que tens que fazer primeiro? Construir a base com umas peças maiores, não é? - O que quero dizer é que os nossos pequenos tem que aprender a se sentir seguros a fazer, a experimentar sozinhos, e nós temos agora a função mais do que nunca de os orientar. Deixámos de os servir para os guiar - "O que queres fazer agora?", "Para isso o que tens que fazer primeiro?", "Se queres calçar os sapatos sozinho o que tens que fazer primeiro? Tens que abrir as correias, enfiar o pé e colar as correias novamente". - Vamos guiar, mostrar como se faz e aos poucos ele conseguirá fazer sozinho.

As crianças conseguem, a maioria das vezes, fazer mais do que nós achamos, eu fico muitas vezes de boca aberta com a velocidade que o Leo aprende. É importante, a meu ver, deixar que as crianças experimentem, errem e treinem a sua concentração, paciência e persistência. Para que aos poucos se sintam capazes de fazer sozinhos.
Momentos como o lavar os dentes, colocar a pasta na escova, às refeições tentarei comer tudo sozinhos, na hora de arrumar os brinquedos, ensiná-lo onde fica o quê. - Eles conseguem fazer isto tudo mas é bem mais confortável se a mamã ou o papá o fizerem sempre por eles. E é neste ponto que deveremos estar atentos. Não vamos abandonar os nossos filhos porque deixaram de ser bebés, mas vamos começar sim a caminhar a seu lado orientando, guiando....Tal requer também força da nossa parte, pais, em ficarmos em segundo plano e deixarmos fazer, o que muitas vezes demorava 5 passa a demorar 20 minutos, mas são passos essenciais para o desenvolvimento do pequeno, para a sua autonomia. E também para nós, para com isto construirmos os momentos em que ele se ocupa sozinho nas suas brincadeiras e os momentos nos quais estamos de corpo e alma com eles.
Naturalmente nem todas as tarefas resultam sempre ou resultam bem mas não deixam de ser uma base para a construção da sua independência segura e confiante.
Não esquecendo que são crianças, que precisam de tempo e da nossa paciência e respeito pelo seu esforço, pelo seu fracasso e pelas suas conquistas.
Se a criança é capaz fica muito orgulhosa de si mesma  e podemos elogiá-la dizendo que fez muito bem, que esteve muito bem.

Ao ajudar os nosso filhos a realizar as suas tarefas do dia-a-dia estamos a ajudá-los a ocuparem-se sozinhos e é neste momento que eles precisam da nossa orientação. Se vamos, por exemplo, arrumar a casa e queremos que ele se ocupe sozinho pode ser uma tarefa dificil para ele. Podemos dar-lhe um pano e dizer-lhe para nos ajudar a limpar, mesmo que não seja uma ajuda vai deixa-lo satisfeito por saber que pode ajudar, ou então dizer-lhe com o que deve brincar o que deve fazer enquanto nós não podemos brincar junto. O essencial é deixar-lhe claro que assim tem que ser que agora nós estamos ocupadas em algo mas que quando acabarmos poderemos brincar juntos (é muito importante também não faltar à promessa)


Quando as crianças são um pouco maiorzinhas podemos construir estes momentos com rituais, por exemplo depois de almoço ele vai para o quarto, ou para o espaço onde brinca, damo-lhe uma tarefa. Podemos mesmo ter uma caixinha para este momento com um livro de pintar ou outros brinquedos com os quais ele se deve ocupar por uns 15 minutinhos sozinho, para ser mais fácil para a criança é boa estratégia ter um relógio de ponteiros e explicar-lhe até quando deve brincar sozinho, ele se sentirá mais seguro se tiver objetivos delineados. E nós teremos 15 minutos para relaxarmos, tomarmos um café e recarregarmos energias para acompanharmos com toda a disposição o nosso pequeno o resto do dia.

Todas estas dicas parecem muito fáceis assim aqui escritas mas a realidade não é fácil, principalmente para aquelas mães com mais do que  um filho pequeno em casa. Mas acredito que ensinarmos os nossos pequenos a se ocuparem sozinhos os tornará mais independentes e confiantes e dar-nos-à mais tempo também para nós mesmas recarregarmos energia.

E vocês que acham?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A brincar também se aprende - uma questão de concentração

Lembro-me, de quando pequena andava de carro com a minha família, brincava com os meus irmãos para a viagem não ser tão aborrecida, brincávamos a jogos de palavras, cores, letras e números e era mesmo muito divertido. Por vezes, ganhava um ponto quem encontrava primeiro um carro com matrícula com 2 números iguais, outras com 2 letras iguais, outras vezes contávamos os carros de determinada cor, cada um tinha uma cor e quem contasse mais ganhava, lembro-me que o meu irmão muitas vezes me dava uma cor tipo rosa ou amarelo com bolinhas azuis e eu ficava triste por não contar carro nenhum :)
Estes jogos além de serem uma boa ferramenta para tornar as viagem mais curtas são óptimos para exercitar o nosso cérebro. E a brincar se vai aprendendo a nos mantermos mais concentrados.

Hoje deixo aqui uma série de jogos divertidos para jogar em família a qualquer momento. Jogos que além de proporcionarem momentos em família agradáveis permitem fazer um pouco de ginástica ao cérebro.

1. Corrigir errando - A mãe ou o pai colocam a  mão no nariz e dizem "Este é o meu cotovelo!" a criança deverá tocar no cotovelo e dizer "Este é o meu nariz!", repete-se o jogo com as diferentes partes do corpo aumentando a velocidade de reacção. A mãe ou o pai devem falar cada vez mais rápido e a criança tentar responder também cada vez mais rápido;

2. Memória e vocabulário -  A mãe ou o pai deverão colocar vários objectos sobre a mesa (aqui vale tudo) a criança observará os objectos durante 1 minutos e vira-se, retira-se um ou dois objectos sem que ela veja e ela vira-se novamente e terá que adivinhar qual o objecto ou objectos que faltam;

3. Viagem de sonho - Pais e crianças deitam-se no sofá ou na cama fecham os olhos e o pai ou a mãe começam a descrever uma viagem de sonho com muito sentimento e fantasia, todos deverão manter os olhos fechados e deixar a imaginação viajar (um óptimo jogo como exercício de relaxamento, bom também para fazer minutos antes de ir dormir);

4.  Habilidade e paciência - Pais e crianças constroem juntos castelos de cartas, jogam mikado ou jenga e estarão a treinar a suas habilidades de movimentos de precisão além da paciência (aquele que se mantiver mais calmo e paciente terá certamente melhores resultados), (aqui com o Leo, como ele ainda é pequeno, fazemos somente torres com bloquinhos de madeira até que fiquem bem altas e caiam, ele adora :) );

5. Sentir e descobrir -  Colocar numa caixa uma mistura de sementes secas (um pouco de ervilha seca, feijão, grão, lentinhas...) e tapar com um pano opaco. Escolher determinada semente (por exemplo ervilhas) e cada um terá que tirar o maior número de ervilhas que conseguir durante um minuto, mas sem olhar identificando somente através do toque (com o Leo cabo por brincar somente com as sementes e digo-lhe os nomes, ele sente, identifica e enriquece o seu vocabulário, mas atenção com crianças muito pequenas pode ser perigoso brincar com sementes estejam sempre a vigiar não vá o pequeno colocá-las no nariz);

6.  Treinar equilíbrio usando a concentração - Colocar uma corda no chão da sala e a criança deverá tentar caminhar sobre ela, de preferência descalça, sem se desequilibrar. Ou cortar quadrados de papel (A5) e espalhar pela sala ou pelo jardim, a criança deverá saltar de papel em papel sem se desequilibrar até à meta.

7. Mind games - Existe um grande número de jogos, tais como, puzzles, quebra-cabeças, procurar diferenças, procurar pares, jogos de cartas e também os chamados "pocket trainer" que desenvolvem a ambição e concentração das crianças e que podem proporcionar uns divertidos momentos em família.

8. Ouvir música, explorar sentimentos- Pais e crianças ouvem juntos um pedaço de uma música instrumental. O pai ou a mãe descrevem o que pensaram e sentiram ao ouvir a musica (por exemplo: viu uma paisagem, nevoeiro, ventos) a criança deverá descrever o que sentiu. depois juntos podem construir uma história com aquilo que imaginaram;

9. Ilusão óptica: Explorar o que cada um vê na imagem pode ser muito divertido e aguçar a imaginação dando muitas gargalhadas, além de desenvolver a concentração e percepção.

10. Contador de histórias: a linguagem é a base de todos os processos de pensamento. Portanto, é importante despertar o poder da fala desde cedo e de forma contínua. Estimulando a imaginação da criança contando uma história é um método divertido. A mãe ou o pai começam por exemplo com a frase: "Um homem com um chapéu passeava num parque..." Depois a criança faz mais uma frase contando um pouco mais da história. No final ficará uma história rica em imaginação e fantasia inventada por toda a família. 

Aqui ficam, desta vez, 10 ideias. E vocês conhecem jogos divertidos que fomentam a união da família e das conexões cerebrais?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Concentração pode-se aprender?

Pessoas concentradas são calmas mas não paralisadas, são sim pessoas atentas e com potencial. E é num ambiente calmo que uma criança aprende a estar acalma e concentrada. Uma criança de apenas um ano poderá ser capaz, se o ambiente lhe proporcionar essa ajuda, brincar durante 1 hora completamente concentrado com blocos de Legos, juntando-os e separando-os. As interrupções durante estes momentos são fatais para a sua concentração (quantas vezes já vi o Leo a brincar sozinho caladinho e concentrado e lá vou eu perguntar: "Morzito que estás a fazer?") e a criança acaba por aprender a se ocupar sozinha por períodos muito curtos.
Neste sentido, é importante que antes de querermos que os nossos filhos aprendam a se concentrar, nós próprios o consigamos fazer e que entendamos a importância que isso tem para a nossa vida.

Ter um estilo de vida calmo, fazendo o nosso dia-a-dia tendo claras as nossas metas e desafios. Não tentar fazer tudo de uma vez, acabando por não fazer nada...  Em vez disso, faz cada coisa com a maior dedicação, entrega-te. Dá atenção aos outros, ouve, tenta respeitar cada ponto de vista, mesmo que sejam contrários dos teus. O nosso mundo é tão diversificado, existem tantas coisas para descobrirmos... temos que estar em equilíbrio para que possamos dar valor ao que nos é oferecido. E para isso não nos podemos dar ao luxo de pasmar para a vida, e não se confunda aqui descansar com pasmar. Pasmar é deitar fora tempo de vida. Descansar é recarregar energias e só precisamos descansar quando as energias se acabam.


Mas não dispersando demasiado nos meus desvaneios de pensamentos...

A concentração pode sim ser aprendida mas não forçada. Se não permitimos um ambiente propicio, se não temos uma vida calma e dedicada, como poderemos transmitir essa necessidade ás nossas crianças?
Não adianta ficar ao lado da criança e dizer: "Agora vais-te concentrar.", com este comportamento só conseguiremos criar pressão e impaciência. Concentração exige uma "vontade" e um "à vontade". As crianças aprendem por imitação, se lhe mostrarmos calma e interesse pelo saber, fazer e fazer-bem iremos contagiá-las.

Já passeaste com o teu filho pela natureza de forma "exploratória"??? Explora com o teu filho, e para o teu filho, o mundo novamente: "Quantos tons diferentes de verde conseguimos distinguir na natureza?", "Que formas têm as pétalas das flores?", "Que elementos na natureza consegues conhecer só de apalpar?", "Que sons consegues identificar só de ouvir?"
Treina a tua percepção com o teu filho, estes jogos de perguntas de exploração são divertidos e uma percepção treinada é um pré-requisito para a aprendizagem e compreensão, além de desenvolver a capacidade de concentração. Quem observa superficialmente aprende superficialmente... e superficialmente muitas coisas são iguais. E porque é que temos que aprender coisas que não nos trazem nada de novo? Somente quando sabemos porque é que temos que aprender, aprendemos com motivação, entusiasmo e interesse.
Só quem vê o significado de determinada actividade consegue se absorver na mesma. Só quem compreende a importância da capacidade de concentração, da capacidade de pensar "com todas as cartas" consegue analisar e questionar seu próprios valores, suas próprias metas e desafios: "quem?", "onde?", "quando?", "porquê? e "o quê?". Terá ferramentas para aprender, para saber falar, ouvir e questionar...

Crianças são crianças têm muita energia e precisam libertá-la e se não queres que ela seja libertada na tua falta de paciência, na paciência de um professor ou de um coleguinha da escola concentra-te na educação do teu filho... ajuda-o a pensar, a ouvir, a questionar. Não acredito que uma criança mal comportada ou irrequieta em casa faça o mesmo num passeio exploratório pela natureza. De uma coisa pode estar certa, o teu filho será uma pessoa mais calma e equilibrada se se souber concentrar-se mas para isso tens que lhe mostrar que também és capaz de o fazer, que és capaz de te envolver.... e  não é a preencher o seu horário de actividade mas sim a passar mais tempo juntos, a questionar mais, a brincar mais a envolver-te mais. Nunca ninguém disse que educar era fácil....
A próxima vez que achares que o teu filho ou o filho do vizinho são irrequietos, mal comportados, desatentos não te esqueças que eles são crianças e crianças têm muita energia por natureza que só será bem canalizada se lhe dermos uma ajuda, e no meu modesto ponto de vista tudo não passa de uma questão de concentração. Que envolve não só a criança mas toda a família.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Filho irrequieto - Aprender a concentrar-se

Como falei no último post - Hiperactividade ou incapacidade de estar quieto? - e que muitas de vocês acabaram por concordar comigo, considero que uma das principais causas que leva as crianças a serem irrequietas, rotuladas de hiperactivas e mal educadas é a falha na dedicação (por nós, pais) em ajudar e ensinar os pequenos a canalizar as suas energias.
Criança é criança, criança tem muita energia é muito curiosa, não tem noção de tempo e de momento e precisa de aprender essas noções. Criança é despreocupada, criança corre por correr, salta por saltar.
E além da natureza da criança hoje ela tem um novo desafio, tem muita distracção, tem preocupações (este mundo está perdido) com horários da escola, horário do futebol, do judo, da dança, da natação e ainda tem que levar com o stress dos adultos, que chegam do trabalho cansados e que têm uma imensidão de coisas para fazer e assim passa o dia... a criança é envolvida em tanta agitação que perde o seu foco de diversão. Não sendo acompanhada pelos pais ou se senta longas horas frente à TV (onde lhe é dada uma falsa ideia de calma e de momento de descanso) e frente ao PC ou acaba a pular e a correr pela casa querendo ocupar-se sem saber muito bem como.
E é neste ponto que eu acho essencial a presença dos pais. Os nossos filhos precisam de apoio e não é só para terem as suas necessidades básicas atendidas (comida e roupa lavada) mas para se sentirem capazes de seguir a cada etapa que a vida lhes apresenta.
E para que uma criança se consiga sentir em equilíbrio entre os estímulos que lhes são apresentados diariamente e o seu desenvolvimento é muito importante que esta se consiga concentrar, que consiga estar com ela própria.
Já referi a importância da concentração em vários post pois considero ser um problema grave nos tempos modernos, as pessoas em geral não se conseguem concentrar, não conseguem tirar um tempo para ficar consigo mesmas, uma criança que seja ajudada desde cedo a aprender a concentrar-se atingirá com maior facilidade os seus objectivos, nas suas brincadeiras, nas conversas e nos resultados obtidos ao longo dos seus estudos. Conseguirá abstrair-se da avalanche de estímulos que o mundo nos apresenta quando sentir necessidade disso, conseguirá pensar (ohhh como é importante pensar... e tanta gente se esquece disso) e ainda acredito que conseguirá canalizar as suas energias (quando estiver a brincar, estará a brincar; quando estiver a competir num jogo de futebol estará a competir e quando estiver a aprender na escola, estará a aprender).

Se uma criança tem problemas de concentração, não consegue envolver-se numa actividade e fica irrequieta com muita facilidade somos sem duvida nós pais os responsáveis, não chega meter a cria frente à TV ou ao computador, é preciso envolvermo-nos com eles, sim dá trabalho, exige muita dedicação da nossa parte, mas nunca ninguém disse que educar era fácil... E podemos estar certas que as crianças aprendem rápido e aprendem primeiro na família com o exemplo que lhes é dado, aprendem a se concentrar e a envolver-se em algo com garras durante as simples actividades em família: às refeições, ao ouvir uma historia ou a jogar um jogo de tabuleiro - não é só na escola.

E como podemos ajudar os nossos filhos a desenvolver a sua concentração?
- Rotina:  horas para fazer os trabalhos de casa, horas de sono, para tomar banho e para as refeições estabelecidas são uma mais valia para a criança se sentir orientada, será mais fácil para ela saber como ocupar o seu tempo;
- Espaço - Um local calmo e organizado para fazer os trabalhos da escola ou ler um livro: um sitio onde a criança se sente bem, onde ela sabe que ali é o silêncio e a concentração que impera; este lugar é essencial para crianças que já frequentam a escola mas se for criado mesmo para crianças pequenas só trará vantagem. A presença de um cantinho de leitura, um cantinho de desenho em casa criará bons hábitos;
- Recompensa -  nunca interromper uma criança que se conseguiu concentrar num trabalho mesmo que demore a fazê-lo, ela tem que aprender aos poucos a se organizar e nunca esquecer de compensar o esforço, umas palavras queridas depois do trabalho feito valem muito numa criança;
- Movimento -  a actividade física aumenta a concentração e a capacidade de pensar. Sabias que: "Quem gasta 40% da sua energia com actividade motora fornecerá mais 20% de fluxo sanguíneo ao cérebro, essencial na sua actividade." já se diz faz muito: "Corpo sano... mente sana"
- Alimentação -  não é novidade para ninguém que uma alimentação saudável é essencial. Demasiados açucares tornam as crianças mais agitadas. Um estudo inglês mostrou que ocorre um aumento da concentração em crianças em idade escolar quando estas se alimentam com produtos naturais (muita fruta, legumes e comidinha da mamã) e bebem água em vez de refrigerantes e fast-food. E que o essencial para as células cerebrais é o omega-3 que está presente no peixe e a fosfatidilserina, presente na carne, fígado e ovos.

Mas apesar de estar ao nosso alcance ajudar os nosso filhos a canalizar as suas energias e concentrarem-se nas suas actividades não nos podemos esquecer nunca que estamos a lidar com crianças, que precisam de liberdade e de brincar muito. Que são crianças e por natureza irrequietas.

Que estar concentrado não se restringe a aprender com livros, ler, escrever e fazer contas mas também a brincar é possível estar concentrado. Existe uma série de jogos em família que são muito divertidos e que além de proporcionarem momentos de convívio essenciais para uma família saudável, a todos os níveis, ajudam os pequenos a se concentrarem e a levarem essa habilidade para a vida.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Hiperactividade ou incapacidade de estar quieto? - uma questão de concentração

Falei aqui faz algum tempo sobre a importância de uma criança desenvolver a sua capacidade de concentração e como este desenvolvimento deve ser auxiliado por nós pais e educadores: "O meu filho não pára quieto - uma questão de concentração".
Uma coisa que me deixou bastante perplexa quando entrei no mundo do ensino foi o elevado número de crianças consideradas hiperactivas, o elevado número de crianças que não se sabia comportar em sala de aula além da falta de educação dos pequenos (sobre este último conversaremos outro dia). Considerei que se tratava de um problema pontual que seria somente nesta escola, mas não fiquei por aqui e investiguei sobre o assunto e realmente cheguei à conclusão que esta é uma realidade (pelo menos em Portugal). Cada vez mais crianças são levadas ao médico e lhes é diagnosticada a famosa hiperactividade e mais grave que isso é que são medicadas com calmantes para ficarem mais calmos. Será para darem descanso aos pais e professores?
Sobre hiperactividade existe imensa informação diz-se que é das doenças infantis mais faladas da actualidade e eu questiono-me. Porque será que quando andei na escola nenhum dos meus colegas era hiperactivo? E agora visito uma escola e encontrarei certamente crianças com esse diagnóstico? Será que é uma doença ou um sinal de evolução e no futuro seremos todos hiperactivos? Será que não estão a confundir a hiperactividade com falta de concentração, com falta de orientação, com falta de foco, com excesso de estímulos das crianças? (se eu estiver muito errada por favor corrijam-me) Será que é falta de paciência dos país, professores e profissionais de saúde para lidar com a energia de uma criança?
Acredito que a doença exista, acredito que não deve ser fácil para país que realmente têm filhos hiperactivos lidar com a situação, lidar com problemas de desatenção, agitação motora, impulsividade dos filhos. Mas vamos ser realistas e críticos no diagnóstico da doença, por favor... não vamos encher os nossos filhos de calmantes, criança é criança, criança tem energia, ela precisa é desde cedo ser bem canalizada.
Estarão certamente de acordo comigo quando digo que os tempos que correm são bem diferentes daqueles em que nós pais crescemos. Existem tantos estímulos, tantas novidades, tanta informação a ser processada que, acredito eu, a criança precisa mais apoio e orientação dos pais. E o que é que acontece na realidade? Vivemos num mundo que cada vez menos tempo dá às crianças, que cada vez menos humanamente as orienta e as ajuda a canalizar as suas energias.
Vivemos num mundo que preenche o tempo das nossas crianças com estímulos "não humanos" para os adultos poderem ter descanso. (a meu ver se querem "descanso" não tenham filhos)
O mundo parece-me estar de pernas para o ar.... sei que falo de barriga cheia, pois sou uma mãe que tem o privilégio de viver em pleno a infância do meu filho e que posso fazê-lo, mas também conheço muitos país que trabalham muito e que sabem dar atenção aos seus filhos, que sabem, que se preocupam em orientar o pequeno que hoje tem uma tarefa bem mais complicada daquela que tínhamos nós enquanto crianças.
Os nossos filhos precisam de mais ajuda, precisam do nosso apoio para enfrentar este mundo cheio de tudo e nós precisamos muita paciência e dedicação. 
Não vamos meter tudo no mesmo saco: hiperactividade, incapacidade de estar quieto ou falta de concentração. É importante dar o valido respeito à doença e se realmente a criança sofre dela devemos recorrer a profissionais especializados para ter a certeza antes que se confunda a hiperactividade com "energia não canalizada". (mais sobre o assunto)
E o que é que está em jogo neste aumento do número de crianças hiperactivas ou ditas muito agitadas?
A meu ver é muitas vezes falso diagnóstico e pura e simplesmente um problema de concentração. Todos devemos treinar a nossa concentração que só com ela conseguimos fazer actividades bem feitas com motivação e com frutos. As nossas crianças precisam deste treinamento em especial e não só porque estão numa fase de desenvolvimento e imensa aprendizagem mas também porque estão sujeitas a muitos estímulos com os quais têm que saber viver mas também exteriorizar.
"Estar concentrado é poder estar sozinho consigo próprio" e as nossas crianças não estão a ser capazes de o fazerem sozinhas temos que as orientar. 
Quem se tornará num adulto equilibrado se não tiver a capacidade de se auto-interrogar de tirar um tempo para si mesmo, para as suas filosofias?


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O meu filho não pára quieto - uma questão de concentração

Quantas vezes já eu ouvi mães a lamentarem-se que os seus filhos não param quietos.... Pois é, todas as crianças pequenas, desde que saudáveis, são curiosas e interessadas, são imparáveis mas isso é completamente normal.
No entanto, existem crianças que durante todo o dia não param nem um segundo, não conseguem estar sentadas ou concentradas num brinquedo por uns minutos. Não conseguem estar sossegadas, não conseguem estar à mesa e dormirem uma sesta ou adormecerem de noite é um drama.
Como poderemos ajudar os nossos filhos a encontrarem momentos de calma e concentração?
Li um artigo aqui (está em alemão e farei aqui um resumo do que achei mais interessante). Neste artigo defende-se que uma criança que não consegue encontrar momentos de calma e concentração não está em equilíbrio, pois para um desenvolvimento saudável tem que existir um equilibrio entre os momentos calmos e os momentos de actividade e exercicio.
Mas então quando desenvolve a criança esta capacidade de concentração e encontra este equilibrio?

Desde os primeiros dias de vida no nosso filho começa a desenvolver a sua capacidade de concentração. Nesta fase eles começam a colocar os dedos na boca e sugam, olham com atenção para as suas próprias mãos, começam a mexer os dedos. Com cerca de 3 meses a coordenação mãos-olhos já está bastante desenvolvida e ele consegue mesmo observar e mexer as duas mãos ao mesmo tempo. Quando o nosso bebé estiver neste "jogo de mãos" conseguimos ter noção de quão alerta e concentrado ele está. Nestes momentos é importante não distrai-lo, não lhe oferecer nenhum brinquedo, deixando-o simplesmente estar concentrado e ocupado com as suas mãos.
Com cerca de 4 a 5 meses começa a pegar em brinquedos explorando-os e colocando na boca, isto requer uma grande concentração e persistência. Também já é capaz de se concentrar com o olhar em objectos ou brinquedos que estejam bastante afastados. Chamando mesmo a atenção dos pais para que lhe deêm o que ele viu e quer perto dele. Nesta fase e até cerca dos 9 meses, por vezes é difícil para os pais perceberem o que o bebé quer, é essencial uma boa ligação entre ambos, os pais que conseguem responder positivamente a estes momentos estarão a ajudar no desenvolvimento da concentração.
Dos 10 aos 12 meses o bebé tenta imitar o que nós fazemos quando brincamos com ele, como por exemplo, empurrar um carro, atirar uma bola, colocar copinhos uns dentro de outros. Devemos dar ideias de como deve brincar mas sempre devagar e uma coisa de cada vez.
No 2º ano de vida a concentração desenvolve-se pela repetição. Quando o nosso filho se diverte com um brinquedo vai querer sempre repetir, vai querer ouvir sempre a mesma história ao deitar (o Leo quer sempre a história do patinho que faz anos :) ) e pela 10ª vez quer que cantemos a musica preferida (já passou pela fase do Alecrim e agora quer sempre uma musica alemã... que não me falte a voz eheheh). Esta fase da repetição é muito importante, embora para nós pais por vezes se torna aborrecida, mas a criança vai de todas as vezes descobrir algo novo.
No 3º ano de vida, um ano de persistência... Não é um sinal de falta de atenção quando a criança fica inquieta durante uma brincadeira, correndo ou começando outra actividade. Nesta fase eles ainda não são capazes de se concentrar por mais de  5-7 minutos de cada vez. Nós podemos ajudar mostrando um novo brinquedo com o qual se possa distrair sozinho. São muito interessantes nestes momentos os Legos e puzzles e outros brinquedos de montar. Além de desenvolverem a criatividade são óptimos para a concentração.
Dos 4 aos 5 anos entramos na fase da inspiração. O nosso filho está cada vez mais capaz de perseguir metas e fazer todos os esforços para alcançá-las. Para desenvolver a concentração e perseverança precisa de se sentir bem, divertido com o que está a fazer. Nesta fase muitos elogios e comentários positivos incentivam o nosso filho a atingir os seus objectivos. Melhor incentivo à motivação não existe!
No 6º ano de vida, "Não dar o braço a torcer" é a máxima. Até entrar na escola a criança deve ser capaz de se concentrar entre 20 a 30 minutos mesmo que a actividade não o motive muito. Para tal nós podemos ajudar, incentivando de forma atenciosa e com carinho a que a criança termine a actividade que se propôs. Por exemplo, está a fazer um puzzle e desiste, devemos tirar um pouco do nosso tempo para o ir ajudar motivando-o assim a completá-lo. Estamos juntos a ler um livro, ele só deve ir embora quando terminarmos, podemos motivá-lo questionando com o que virá a seguir na história. Ele está a fazer um desenho e não tem interesse em terminar, neste caso podemos mostrar-nos interessados no que ele desenhou e questioná-lo sobre o desenho, motivando-o a continuar concentrado a desenhar.

E se desta forma, brincando atenciosamente com o nosso filho, dando-lhe cada oportunidade a cada fase do seu desenvolvimento, tenha como resultado uma maior concentração e ele consiga melhor alcançar o equilíbrio saudável entre a calma e a actividade, eu estou nessa corrida, e vocês?
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...