quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Aprender a suportar o sofrimento - "Não chores mais!"

Quem de nós não gosta de consolar uma criança quando esta chora? E rapidamente eliminar o problema e deixar a criança melhor! E não apenas, porque temos pena da criança, mas talvez também porque nós mesmos não aguentamos, que um ser tão pequeno tenha problemas...
De quem realmente temos compaixão da criança ou de nós próprios?
Reparem neste simples exemplo, o vosso filho magoou-se e vem ter convosco a chorar. Não aconteceu nada de grave, apenas um arranhão, e vocês como pais poderão dizer: "Não foi nada, não precisas chorar", ou ainda: "Meu pobre menino! Não chores! Faz um sorriso para mim" e inicia-se então uma manobra de distracção.
Em ambos os casos, nem através da opressão nem do exagero, a criança se sente verdadeiramente compreendida. Os seus sentimentos não são reconhecidos, são minimizados ou mesmo negados. Pela atitude dos pais, prevê-se que estes sentimentos desagradáveis desapareçam tão rapidamente quanto possível. E é através do "Não chores mais!" que eles são naturalmente proibidos.
Pode parecer uma reacção inofensiva e natural  dos pais, mas que praticada regularmente desencadeia comportamentos de bloqueio, incerteza e insegurança na criança. Ela recebe a mensagem: "Não posso confiar nos meus sentimentos", o que as confunde certamente. Ou ainda, "Não posso sentir o que sinto", o que dará à criança a impressão de que algo está errado com ela própria.

O que eu quero dizer com isto tudo é que nestas situações acabamos muitas vezes por perder o foco, prejudicando em certa medida o desenvolvimento do nosso "mais que tudo".
Mas qual será a atitude mais correcta?
Eu diria: Que basta estar presente e proporcionar alívio emocional.
Assim, para que uma criança se possa desenvolver bem emocionalmente são, do meu ponto de vista, necessárias duas coisas: que as emoções sejam aprovadas e que a criança tome responsabilidade das mesmas, ou seja, que a criança auto-avalie quanto ruins ou sem importância os acontecimentos do momento foram para ela e desta forma procurar solução para os seus problemas.


Isto parece complicado, mas basicamente o que eu quero partilhar é bem simples. Em vez de um "Não chores!" pode ser um "Acho que te magoas-te"(o que podemos denominar de Active listening ). Isto faz com que a criança sinta um alivio emocional, ela sente-se compreendida. 
E nós não deixaremos de estar presentes para a ajudar, aconchegando-a e acalmando-a com um mimo, um abraço, deixando-a vivenciar os seus sentimentos e quando se recuperar é provável que não se lamente, mas sim se sinta levada a sério e compreendida. 
Tudo poderá então terminar num: "Não foi tão ruim assim.Vou brincar outra vez." Fazendo, naturalmente, uma grande diferença sermos nós a dizê-lo ou a própria criança por si mesma, neste último caso teremos a prova que a nossa atitude funcionou. 
E claro que poderemos perguntar-lhe: "O que te poderá animar agora?"  ou simplesmente agirmos, calmamente. Mas mantendo sempre longe o conforto barato e mais rápido, aquele que reprime e elimina os sentimentos desagradáveis. 

Ouça as reais necessidades da criança. Estar presentes, conscientemente em cada situação é muitas vezes suficiente.
Se o nosso filho é levado a sério e pode expressar as suas próprias emoções, desenvolve um bom equilibrio mental e não é emocionalmente bloqueado. Desta forma, ele aprende com o nosso apoio a ser competente e confiante o suficiente para cuidar de si próprio.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Blogagem colectiva - Ética

Quando precisamos fazer um trabalho, temos uma dúvida, uma curiosidade ou simplesmente tempo livre ligamos o computador e lá vamos nós viajar um pouco pela Internet. Nunca foi tão fácil aceder a tanta informação. Fazemos a pesquisa e em poucos segundos temos uma lista de sites com o que procuramos. Umas vezes boa informação, outras nem tanto mas temos tudo ao nosso dispor.
É tão fácil este acesso ao que procuramos, está tudo ali prontinho para lermos, analisarmos, alargarmos as nossas ideias.
Na minha opinião esta facilidade de pesquisa transmite a ideia errónea de que a informação nos pertence, nunca se pensa que para aquilo estar ali teve que haver alguém a colocá-lo, a pensar, a inspirar-se com o assunto, a organizar a ideia. Tal como raramente pensamos e nos questionamos que a cadeira onde nos sentamos alguém teve que a fazer (mas isto já é outra história e que longa história).
Quando dei aulas tinha como método frequente dizer aos meus alunos que escrevessem sobre um determinado assunto abordado, a minha ideia era que eles ao escrever pensassem, organizassem ideias, criassem e mesmo divulgassem a sua opinião... mas tive uma grande desilusão, pois, e não aconteceu só uma fez, alguns deles limitavam-se a pesquisar na Internet e a fazer "copy-paste" muitas vezes sem terem o cuidado de lerem o texto todo, de adaptarem melhor o português do Brasil para o português de Portugal de fazerem referências, nada. Conversei com eles, disse que era errado, tanto, que assim eles não pensavam sobre o assunto como era plágio, não estava certo pegar nas coisas de outra pessoa e simplesmente fazer de conta que nos pertence. Expliquem que ele poderiam inspirar-se nas ideias dos outros, resumir, fazer uma análise e fazer referência de onde tinham lido o que escreviam como citação... resultou, mas infelizmente não para todos os alunos. :(
Por isso, eu digo que esta facilidade de aceder a informação na Internet pode muitas vezes ser perigosa para quem pesquisa (pois nem sempre o que se encontra é "boa" informação e não desenvolve a sua própria criatividade, não se dá a esse trabalho) como desleal para quem a escreve e perde esse mérito.
No mundo dos blogues o plágio é algo que me parece ser bastante frequente, é triste,  pois estamos aqui para distribuir a nossa opinião para a quem a quer ler, explorar ideias, divulgar informação, inspirações, curiosidades e pensamentos.
Estamos na Internet, neste mundo vasto de todo, mãe dos blogues, onde como no mundo "real" nem tudo é justo e leal... e como diz o ditado "Quem sai aos seus, não degenera"... Mas nós estamos aqui para minimizar o problema, para promover a lealdade...
Não nos podemos esquecer que do outro lado existe gente como nós que dedicou parte do seu tempo para escrever o que lhe ia na alma... e se lemos e gostamos, podemos sim divulgar mas fazendo referencia de quem escreveu, ajudando desta forma a criar uma rede entre nós blogueiros, onde podemos enriquecer ideias, fazer nascer ideias novas, explorar opiniões, abrir os horizontes do nosso conhecimento e até mesmo fazer amizades.

E porque nós com as nossas atitudes estamos sempre a educar os mais novos que nos observam, devemos dar o exemplo, ser leais, sérios e acima de todo criativos... discutir e explorar ideias "sim", roubar cru e simplesmente "não". Porque neste novo mundo também é necessário educar e ensinar a explorar o que a Internet nos oferece... aqui fica a ideia... não deixe de o fazer com os mais pequenos... que eles de tecnologias sabem muito, mas podem não saber orientar-se.
Promova a inspiração, a criatividade e a lealdade.
Um óptimo dia para todos

domingo, 24 de outubro de 2010

As formas de distribuir carinho

E porque o Inverno por aqui parece que já chegou... e porque existem imensas formas de distribuir carinho...
Peguei no meu brinquedo, sim eu tenho um brinquedo (a minha máquina de costura), fiz um carinho para o Leo :)

E garanto que foi feito com muito amor e são uns sapatinhos bem quentinhos, para o Leo não ter hipóteses de ter os pezinhos frios quando anda a brincar cá por casa (usei tecido polar no interior).

E vocês como distribuem carinho aí por casa?


Mais do mesmo:
Fim de semana chuvoso e criança ocupada
As formas de distribuir carinho II
As formas de distribuir carinho III
As formas de distribuir carinho IV
As formas de distribuir carinho V

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Agressividade infantil

Muitos pais queixam-se que os filhos ainda bebés mostram agressividade, que se chateiam batem nos amiguinhos, por vezes nos pais, mordem, dão pontapés, mostram-se descontrolados. O Leo tem agido um bocadinho desta forma, ainda muito levemente... quando algo não corre como deseja ele levanta o braço e tenta acertar-me, bate o pé, chora com raiva. Eu tento controlar a situação falando com ele, explicando-lhe que assim não vai a lado nenhum e até agora tem resultado. Ele chega a chatear-se e depois olha para mim e abana a cabeça a dizer que não, ou seja, acho que está no bom caminho :) Embora saiba que este é o prenuncio de que a época das Birras está a caminho...
Isto leva-me a concluir que a agressividade nasce connosco, tal como o sentimento de afecto, amor e carinho. Manifestando-se de forma descontrolada, na sua forma virgem e inocente e precisa ser treinada, ensinada. É um sentimento normal e relativamente comum em crianças pequenas (entre os 1 e 3 anos).
O importante é termos noção que ninguém nasce capaz de dominar a sua agressividade, as crianças não aprenderam ainda a controlar os seus sentimentos e reacções, especialmente a frustração e a raiva que dela decore.
Reacções agressivas devem ser esperadas de vez em quando em crianças pequenas, ela pode usá-las como forma de demonstrar os seus sentimentos de desagrado, raiva, ciúme, ansiedade e até para chamar a atenção, temos que ficar atentos é se essa conduta persiste como única forma de a criança se expressar. Nesse caso, é momento de buscar caminhos para ajudar a criança, pois algo não está bem com o seu desenvolvimento.
Uma criança que não é ajudada, orientada neste processo de controlo dos seus sentimentos pode desenvolver problemas de socialização,  de relacionamento, auto-estima e desempenho nas actividades físicas e psicológicas que lhe possam propor.
O que poderemos então fazer para desde cedo ensinar os pequenos a demonstrar de uma forma mais pacifica o seu desagrado, controlando a agressividade?

Já referi em outro post da necessidade de dizer "não" e de sermos firmes. Sermos firmes, fazendo uso da nossa autoridade, conversando com eles calmamente as vezes que forem necessárias, segurar-lhe nas mãozinhas de forma firme mas não com força e olhar-lhe nos olhos, para que desta forma a criança perceba o nosso desagrado.
Conhecer a causa da agressividade pode ser uma grande ajuda, de forma a contornar a situação evitando o desencadear desse comportamento.
A criança tem que, com a nossa ajuda, começar a entender que magoa os outros com o seu descontrolo (palmadas, mordidas, arranhões).

Como o Leo ainda não deu muitos problemas não sei qual a melhor forma de lidar com a situação, até hoje foi suficiente conversar mostrando o meu desagrado, mas se a situação ficar mais descontrolada?

A pedagogia infantil deixa algumas dicas e sugestões:
"Se a criança persistir com os sentimentos descontrolados de agressividade:
  • Mostrar desagrado, colocando-a no berço ou chão se já caminhar.
  • Evitar deixar o seu filho ou aluno, machucar o amigo ou o irmão. No caso de isso acontecer, separar as crianças e atender primeiro o que foi ofendido. Isso mostra ao brigão que ele perde sua atenção quando age agressivamente. 
  • Nunca promover a vingança da vítima pois você estará passando a idéia de que a agressividade é permitida como revide, criando um círculo vicioso. No lugar disso, quando a situação é repetitiva, eleger uma conseqüência negativa: 
  • Não dar atenção por alguns minutos, sempre ensina muito mais do que gritos ou palmadas.
  • Se apesar de seus esforços, o comportamento agressivo persistir, é melhor procurar um especialista ou o recomendar aos pais, se você for o(a) professor(a) da criança."
Estudos mostraram que crianças pequenas, que não são ensinadas desde cedo a conter a sua agressividade, tendem a continuar com esse comportamento ao longo da infância e da adolescência, o que as leva a serem rejeitadas pelos colegas e a se juntar a grupos onde a violência é aceite, gerando um problema de conduta antissocial de proporções e consequências negativas e muito graves.

Como acontece com vocês? Como demonstram aos vossos pequenos estes sentimentos? O que fazem para os  ensinar a controlá-los? Deixem a vossa história, pois poderá ser uma grande ajuda para mim e outras mães que estão agora no inicio desta viagem.

Um óptimo dia por todos

domingo, 17 de outubro de 2010

Babies - o filme

O desenvolvimento de 4 bebés dos 4 cantos do mundo. Um documentário delicioso, vi este filme este fim de semana e recomendo. 
Há muitas formas de ter e cuidar dos filhos, dependendo da cultura em que estamos inserido, mas uma é sem duvida universal: com carinho e dedicação...
Gostei do filme pois mostra os extremos do mundo em que vivemos, que embora tão diferente consegue levar a cabo a criação de vida :) 
Fez-me questionar a forma como por vezes tratamos os nossos bebés como seres tão frágeis, mas que afinal conseguem ser tão fortes. E como para um bebé ser feliz basta a segurança de quem cuida dele... e nós que caímos tantas vezes em materialismos desnecessários... 
Bebés que nascem em diferentes culturas, diferentes princípios, diferentes oportunidades... mas que nunca perdem aquele olhar adorável que lhe conhecemos :) 
Official Trailer

sábado, 16 de outubro de 2010

É brincando que se aprende

Hoje deixo aqui um texto que me fez pensar e que gostaria de partilhar com vocês.  :)

Este texto de Rubem Alves, retirado do livro "O desejo de ensinar e a arte de aprender", leva-nos a viajar por outras ideias, leva-nos a reflectir sobre coisas que muitas vezes esquecemos, pois o turbilhão desta vida nos distrai destes pensamentos. Espero que gostem...

"É brincando que se aprende"
O professor Pardal gostava muito do Huguinho, Zezinho e Luizinho, e queria fazê-los felizes. Inventou, então, brinquedos que os fariam felizes sempre, brinquedos que davam certo sempre: uma pipa que voava sempre, um pião que rodava sempre e um taco de basebol que acertava sempre na bola. Os três patinhos ficaram felicíssimos ao receber os presentes e se puseram logo a brincar com seus brinquedos que funcionavam sempre. Mas a alegria durou pouco. Veio logo o enfado. Porque não existe nada mais sem graça que um brinquedo que dá certo sempre. Brinquedo, para ser brinquedo, tem de ser um desafio. Um brinquedo é um objeto que, olhando para mim, me diz: “Veja se você pode comigo!”. O brinquedo me põe à prova. Testa as minhas habilidades. Qual é a graça de armar um quebra-cabeças de 24 peças? Pode ser desafio para uma criança de 3 anos, mas não para mim. Já um quebra-cabeças de 500 peças é um desafio. Eu quero juntar as suas peças! E, para isso, sou capaz de gastar meus olhos, meu tempo, minha inteligência, meu sono...
Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas. Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecerem desafio algum. Que desafio existe numa boneca que fala quando se aperta a sua barriga? Que desafio existe num carrinho que anda ao se apertar um botão? Como os brinquedos do professor Pardal, eles logo perdem a graça. Mas um cabo de vassoura vira um brinquedo se ele faz um desafio: “Vamos, equilibre-me em sua testa!”. Quando eu era menino, eu e meus amigos fazíamos competições para saber quem era capaz de equilibrar um cabo de vassoura na testa por mais tempo. O mesmo acontece com uma corda no momento em que ela deixa de ser coisa para se amarrar e passa a ser coisa de se pular. Laranjas podem ser brinquedos? Meu pai era um mestre em descascar laranjas sem arrebentar a casca e sem ferir a laranja. Para o meu pai, a laranja e o canivete eram brinquedos. Eu olhava para ele e tinha inveja. Assim, tratei de aprender. E, ainda hoje, quando vou descascar uma laranja, ela vira brinquedo nas minhas mãos ao me desafiar: “Vamos ver se você é capaz de tirar a minha casca sem me ferir e sem deixar que ela arrebente...”.
Há brinquedos que são desafios ao corpo, à sua força, habilidade, paciência... E há brinquedos que são desafios à inteligência. A inteligência gosta de brincar. Brincando ela salta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela tem de fazer coisas que não são desafios, ela fica preguiçosa e emburrecida".

Perante um mundo tão materialista como aquele em que vivemos, as publicidades, as cores os sons... somos levados por vezes a comprar brinquedos aos nossos pequenos que acabam por ser diversão de poucos minutos. São bonitos, coloridos mas enfadonhos, não dão desafios...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Noites mal dormidas

Quando engravidei e dei a noticia, das primeiras coisas que ouvi foi "Dorme muito agora que depois acabou" eu na altura não levei muito a sério. Mas na verdade faz já mais de 1 ano que não durmo uma noite seguida. Nos primeiros três meses era aquele acordar de 2 em 2 horas, na melhor das hipóteses, para a hora do leitinho. É muito complicada esta fase, ficamos exaustas, vivemos sonâmbulas... a cabeça deixa de funcionar direito... mas depois começa-se a entrar no ritmo e o nosso bebé começa também a dormir um pouco melhor. O Leo é um bebé que quase sempre dormiu muito bem, apesar de acordar durante a noite, um miminho ou por vezes um pouco de leitinho da mamã adormecia de seguida.
Mas depois de uns meses a conseguir dormir 5 horas seguidas, por vezes 6 voltamos à estaca zero :( Pois é, ando cansada e com um monte de noites mal dormidas em cima.
Foram as vacinas que o deixaram um pouco adoentado, foi o nascimento do primeiro dentinho, (na semana passada) teve febre, precisou de mais miminho e eu dei, claro. Agora já não tem febre nem dores mas acorda muito durante a noite, antes acordava bebia o leitinho e adormecia, agora acorda o dobro das vezes bebe o leitinho e não quer adormecer, chora muito assim que o deito na cama... :( tenho que o dormir no colo... o que se está a tornar muito cansativo e doloroso para as minhas costas (pois não quer que eu me deite abraçada a ele, tem que ser de pé. :S
Espero mesmo que seja uma fase pois não gosto de estar assim, cansada  acabo por ficar irritada e sem paciência o que ao mesmo tempo me deixa triste...
Antes desta fase, menos boa, o Leo bebia o ultimo leite pelas 20h e só voltava outra vez a mamar pelas 5 da manhã, agora voltou a beber 2 a 3 vezes ao meio da noite. Tenho lido que estas mamadas já não são necessárias que até podem ser prejudiciais para os dentinhos dele. Mas ele pede, o que posso eu fazer?? E agora que ele já fala bastante, acorda e grita do quarto "lête, lête" :) E lá vou eu ainda meia a dormir...
E vocês? Mamãs que amamentam, como foi ou como estão a ser as mamadas nocturnas? Acham que devia fazer alguma coisa para as eliminar? Se ele perder o hábito de mamar de noite será que dormirá mais e melhor?

Hoje fica aqui o desabafo e as duvidas de uma mamã que devia aproveitar para ir dormir um soninho... Porque pais descansados têm mais energia, paciência e tempo para dedicar aos filhos, não é verdade?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Influência dos rótulos

O M foi o primeiro menino da família até então só existiam duas meninas, a "inteligente" e a "mimada". O M tem desde bebé uma cara de menino que não deixa nada passar ao lado, mesmo ainda bem pequeno era-lhe dito "tens cá um ar de traquina!" e M é hoje realmente uma criança traquina. Não é mau, pelo contrário é bem amoroso mas quando tem em mente fazer alguma coisa, mesmo que não seja momento para isso, ele faz. Faz tudo para obter o que quer e brinquedos com ele não duram inteiros por muito tempo - o verdadeiro traquina da família.

No meu ano de estágio como professora estava bastante ansiosa e um pouco nervosa com o aproximar do inicio das aulas, uma semana antes da abertura oficial tive uma reunião com os outros professores da turma que eu iria acompanhar sozinha. A reunião foi terrível, sai de lá ainda mais nervosa, com medo de ser devorada com a turma que me tinha calhado na rifa. A reunião foi macabra... acreditem. A directora de turma começou a apresentar a turma dizendo coisas do género: a aluna nº1 é muito boa aluna mas "respondona"; a número 2 nunca trabalha é um "caso perdido"; o nº3 é um "coitadinho", pai na prisão e a mãe alcoólica; o nº 4 muita atenção não dar confiança porque ele é "terrível";
Pois, podem não acreditar, mas foi mesmo assim... Eu lamentei o número de repetentes e alunos com dificuldades, mesmo antes de os conhecer, eles já eram um problema para mim, eram todos rotulados. Na altura fiquei muito em baixo, mas hoje fico chocada com a atitude daquela professora, com a atitude de muitos adultos, pois colocar rótulos não é assim tão raro, acontece na escola e também em casa, em família.

Tenho muito para aprender mas ao analisar estas situações tornei-me mais atenta e olho de forma mais individualizada para cada criança, antes de ser influenciada por qualquer rótulo que esteja já vinculado ou possa entretanto surgir.

"Trapalhona", "traquina", "mimada" para o carácter ou "trinca-espinhas", "molengão" para a condição física são rótulos que podem de certa forma condicionar o comportamento e trazer consequências futuras. O desenvolvimento emocional da criança pressupõe uma série de etapas, onde a valorização de seu eu é determinante para o sucesso das suas relações sociais.
Uma criança que é desvalorizada, por estar sujeita a determinado rótulo negativo, terá certamente mais dificuldades em ultrapassar situações de convívio.
Muitas doenças do foro psicológico têm origem nos comportamentos de pais e educadores. Colocar rótulos é um deles, estes vinculam complexos de inferioridade ou de superioridade e crescem com as crianças.
A criança que é "traquinas", habitua-se a sê-lo. Se todos a classificam como tal, ela interioriza essa característica como sua, correspondendo às expectativas dos que a rodeiam. Deixa de confiar na suas capacidades, de corrigir e de ultrapassar as dificuldades. Se a distinguem pela negativa, a criança sofre de incompetência e pode mesmo sentir-se sinónimo de fracasso.
No caso dos pais que tratam os filhos como uns "pequenos génios" estão a transmitir-lhes expectativas que deviam guardar para si. Esta criança crescerá a pensar que é o melhor e não saberá lidar com a frustração e o insucesso quando este surgir.


Os rótulos colocados desde criança passam em muitos dos casos a fazer parte do intimo do individuo e vive com ele. Colocar rótulos é fácil difícil é retirá-los.



Assim da próxima vez que estiver próximo a colocar ou reforçar um rótulo pense duas vezes antes de o fazer...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Onde está o Bebé??? Está aqui!!!

Se existem fenómenos universais e transculturais, um deles é sem duvida a maneira como os pais comunicam com os seus bebés. Existem imensas brincadeiras que podem ser observadas nas famílias da China às tribos da América Latina, em Portugal e na Alemanha.... Até no filme a Idade do Gelo... :)
Esconder a cara com as mãos ou com um lenço e reaparecer com um "Té-té!", um "Cu-Cu!" ou ainda um "Estouuuu Aquiiii" é uma cena obrigatória em qualquer casa, tenda ou acampamento onde haja um bebé. E não é por acaso que todos os pais e todos os bebés do mundo brincam desta maneira. É que até aqui os especialistas trabalharam, é verdade!!! O jogo do "Cu-Cu!" segundo eles, contribui decisivamente para o desenvolvimento psico-social do bebé: ajuda-o a lidar com a ansiedade da separação, quando a mãe vai embora; ajuda-o a perceber que os objectos e as pessoas não deixam de existir quando desaparecem da sua vista; ajuda-o a descobrir regras de convivência social e de conversação; e até a treinar a concentração, que é fundamental para a aprendizagem.
E eu a pensar, desde que o Leo nasceu, que estava a fazer mais uma das minhas figurinhas :)
Agora já sabe: quando estiver a fazer "Cu-Cu!" com o seu bebé, está a fazer muito mais do que uma simples brincadeira... O assunto é sério! :)

domingo, 3 de outubro de 2010

Ensinar a brincar

Porque é também a brincar que os nossos filhos comunicam , porque é a brincar que os nossos filhos aprendem os princípios de  interacção social,  a explorar sentimentos, a desenvolver causa e efeito, a estimular  a criatividade e a imaginação; porque eles não nascem ensinados; porque nos dias de hoje as crianças têm tantos estímulos, tantos brinquedos, tantas distracções que precisam ajuda para saberem brincar. E porque brincar com uma criança é fazer parte do seu mundo, transmitir regras, valores; garantir a nossa presença e a nossa protecção.
O Leo começou faz pouco tempo a brincar por maiores períodos de tempo sozinho, ele explora os brinquedos, bate com eles, enfia uns dentro de outros, é uma delicia observá-lo a brincar. Passo bastante parte do dia dedicada exclusivamente a brincar com ele, a ver um livro ou a cantar.
Ele tem uns carrinhos com uns bonecos tipo playmobil com os quais passa imenso tempo, um dia destes fiz de conta que os bonecos andavam sobre o tapete, meti-os no carro e fiz brumm brumm com eles :) e agora o Leo faz igual é tão amoroso. É tão bom vê-lo a crescer e a ser mais capaz... Isto me fez pensar que toda a criança necessita de brincar para aprender, para saber lidar e entender o mundo que a rodeia. Brincar ajuda-as nas suas frustrações, alivia o stress, ajuda a solucionar problemas que possam vir a surgir na vida real. É essencial que nós, pais,  intervenhamos junto deles, interagindo nas suas brincadeiras, acabando por os ensinar a brincar. Mas para tal, temos acima de tudo saber chegar aos nossos filhos, saber brincar com eles, voltar nós mesmos a ser novamente crianças, acordar as lembranças da nossa infância. Fazer a viagem ao mundo deles e ajudá-los nessa exploração. O que não podemos deixar de fazer é de brincar e interagir com os nossos pequenos.
Não deixemos de brincar com eles com medo de perder a nossa autoridade pois a brincar além de proporcionarmos um momento agradável entre pais e filhos podemos criar regras ou limites e competições saudáveis.
E certamente vão concordar comigo quando digo que não há nada que suscite maior prazer que ver o nosso filho a brincar de forma harmoniosa, alegre e divertida.
Vamos ser crianças, vamos brincar muito, fazer muitas "figuras tristes" :) mas acima de tudo brincar, fazer com que os nossos filhos se sintam felizes por poderem contar connosco.
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