quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os pais devem-se envolver?

Maria de 6 anos gosta muito de brincar com o seu vizinho mais novo. Depois de algum tempo de brincadeira em que Maria tratava o pequeno com carinho, teve uma mudança de humor e tirou da mão do pequeno com alguma violência o balde de plástico e disse bem alto e zangada "É meu!". Ele ficou triste mas continuou a acompanhar Maria, esta não estava para brincar com ele e disse aos gritos "Deixa-me em paz, vai embora! Porque andas sempre atrás de mim? Eu quero estar sozinha."
A mãe do pequeno que observava a cena desde o inicio aproximou-se disse para Maria "Isso não foi bonito..." e confortou o pequeno que começava a chorar.

Como devem os pais reagir numa situação destas? Barafustar com a Maria? Proibi-la de brincar com o nosso filho? Isto seria exclusão social, e não ajudaria nenhuma das crianças, certo?
Nem todas as crianças são meigas e bem dispostas como aquelas que idealizamos que brinquem com os nossos filhos.
Já pensaram que Maria com a sua atitude pode-nos estar a mostrar inconscientemente, a sua própria experiência com frustração, rejeição. Nos tempo que correm não é nada incomum encontrar pais stressados e sem tempo (por vezes esta falta de tempo passa também pela falta de organização e prioridades, mas esta é outra história). Os pais sentem que não têm disponibilidade para lidar com os seus filhos. Os filhos acabam muitas vezes expostos a sentimentos que não conseguem lidar sozinhos como é o caso da rejeição, precisam de ajuda e acompanhamento.
Seria bom que os pais de Maria  tivessem isso em atenção. Mas infelizmente quando os pais se sentem criticados procuram, muitas vezes, mostrar que o que fazem é o melhor e não pensam que podem estar a errar. Mesmo os pais podem precisar de ajuda e compreensão de forma a ganharem confiança.
Não é fácil admitir que como pais estamos a falhar... não é fácil dar crédito a quem nos critica... os outros são pais e nós também. Por vezes, parece que a máxima que existe rege o ditado "Entre marido pais e mulher filhos, não se mete a colher."
Mas como se pode ajudar a Maria e proteger ao mesmo tempo as outras crianças? Os pais do pequeno, na história que contei, podem reagir com Maria de forma apreciativa, simpática e com atenção, embora esta atitude por vezes seja difícil de tomar quando vemos o nosso filho a ser mal tratado. Eles podem dizer-lhe algo como: "Eu entendo que possa não te apetecer mais brincar com ele. Já foi muito bom o tempo em que brincaram juntos. Mas então diz-lhe de forma mais simpática. Ou então, podes-me chamar e então eu brincarei com ele. Também não deves gostar quando alguém fala assim contigo." Talvez esta experiência positiva ajude Maria a lidar com os seus sentimentos, com as suas frustrações.
Este tipo de situações pode-nos custar tempo e paciência mas certamente que o resultado será gratificante. Maria aumentará a sua auto-estima ao sentir a sua atitude reconhecida. E certamente esta atitude positiva tanto da parte dos pais como da Maria será canalizará para as outras crianças.

E se o mundo que temos não é como nós o idealizamos para os nossos filhos o melhor a fazer é tomar atitudes e nada como atitudes de respeito, reconhecimento e carinho, não acham?

6 comentários:

Especialmente Gaspas disse... [Responder Comentário]

Eles são autenticas esponjas... e mais esponjas com 1000 orelhas e 1000 olhos... aprendem e absorvem tudo... o bom e o mau!

Cabe-nos, sem duvida a nós, tentar passar-lhe o melhor, mesmo com o stress à mistura... ai é tão difícil ser pai... ou não! hehe!

Anne disse... [Responder Comentário]

Oi Sofia, é mesmo uma discussão importante, os limites as limitações... cabe aos pais refletirem sempre!
bjos
Anne
mammisuperduper.blogspot.com

Sarah disse... [Responder Comentário]

Realmente reconhecer que erramos é bem difícil quando se trata dos nossos filhos. Mas é essencial, para que possamos melhorar. Não dá para escolher a todo momento com quem as crianças vão se relacionar, e nem conhecemos as histórias e experiências de cada um. Mas podemos tentar lidar com as frustrações cotidianas com um pouco mais de tranquilidade.
bjo!

Mariana - viciados em colo disse... [Responder Comentário]

Sofia,
Já vivi uma situação destas... Foi muito ruim, porque tomei uma atitude drástica: quando percebi o que acontecia, e vendo que a mãe da outra não fazia nada, peguei Alice e fui embora sem dizer nada... Uma grande amiga, uma grande crise! É muito difícil ver nossos filhos sofrendo... Não fui legal!
Adorei o texto!

Desa Botelho disse... [Responder Comentário]

Sofia,
Vivo esta situação constantemente [tenho três filhos nas idades 6,4,2] permito que outras crianças brinquem com eles e eles o mesmo, mas me torno uma onça [defedendo a cria] quando são "atacados" ... Não acho justo sabe não gosto de ve-los sendo maltratados uma vez que eu os ensino a não maltratar ninguem, não julgar ninguem etc. Claro que eu sei que o mundo não é igual p/ todos, que muitos ve o mundo de forma diferente e como vc mesmo disse ...vai sabe como esta na casa desta criança, a situação com os pais deles ... Mas infelismente não consigo ser tão simpatica ... Mas verei esta situação agora depois do seu post com outros olhos.. :o) . Bjs

Anónimo disse... [Responder Comentário]

Obrigado por este maravilhoso post.Admiring o tempo e esforço que colocou em seu blog e informações detalhadas que você oferece.

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