terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Capítulo I: Birra - quando a vergonha suprime a determinação

Faz já quase um mês que escrevi sobre as primeiras birras do Leo aqui, foram 5 dias muito dificeis. Mas tal não foi a surpresa quando ao fim de 5 dias vi um dentinho aparecer e o meu Leo voltar (coisas de mãe de primeira viagem)Agora ele está bem mais calmo e controlado, tem mostrado que tem uma personalidade forte mas as suas birras limitam-se a uns choros forçados de alguns segundos para chamas a atenção, chega até a ser lindo de ver :)

Mas nesta fase das birras, há uma coisa que eu não consigo entender: porque tanta gente reprova uma mãe ou um pai quando o seu filho desencadeia uma birra? E, no entanto, eu não conheço ninguém que tenha tido um filho que nunca tenha feito birra. Alguém por aqui tem um filho que nunca fez birra???
Pode ser que esse alguém tenha tido a "sorte" de ter um filho que faz raramente birra, que é super controlado, as birras que faz passam até despercebidas, mas certamente que as faz.
A birra é uma fase do desenvolvimento infantil e do meu ponto de vista só se torna motivo de reprovação, e mesmo assim com parentisses (pois nisto da educação de um filho não se trata de julgar ou reprovar mas eventualmente dar o exemplo, reflectir e debater ideias e testemunhos) quando estamos perante de uma criança com 6-7 anos e ainda faz a sua birra ou uma criança que apesar de estar a atravessar esta fase não consegue encontrar os limites não tem o apoio e a orientação dos pais.
Fazendo a birra parte do desenvolvimento da criança esta tem que ser encarada com seriedade, calma e bom senso. Tal como o começar a andar, o começar a comer, as birras são um desafio para a criança.
A questão está na forma como encaramos esta fase e como eu sempre digo o importante no desenvolvimento do nosso filho enquanto individuo e ser social é sabermos ou pelo menos procurarmos saber olhar o mundo com os seus olhos, com o seu nível de compreensão do mundo. Tal atitude não se restringe só ao nosso filho mas sim a todas as crianças.
Quando nos apetece algo sabemos ir buscar, sabemos preparar um café, comprar um chocolate, sabemos que comer demasiado açúcar faz mal, para nós não é problema, entendemos. Imagina agora que encontras uma prateleira cheia de chocolates num local onde toda a gente "adulta" pode tirar os que lhe apetece. Tu sabes que queres um chocolate, tu sabes que eles estão ali, sabes ir buscá-los mas não entendes porque te impedem de o fazer, não sabes porque não podes comer algo que é tão delicioso, tu só tens 3 anos e precisas que alguém te oriente te dê apoio e como não tens essa compreensão ficas chateado e revoltado. Visto assim é compreensível a irritação da criança, não?
Não nos devemos centrar em saber como o nosso filho se comporta mas sim o porquê de tal comportamento. A fase das birras é complicada e em muitos casos difícil de ultrapassar... ficamos sem paciência, cansados e envergonhados em publico com as atitudes dos nossos filhos. Mas não nos foquemos nos outros adultos mas sim no nosso filho: "Porque ele está a agir assim?", "Está cansado? Doente?", "Está ansioso e não consegue lidar com a situação sozinho?", "Está com falta de limites?"

O que posso fazer para o ajudar?
Manter-me calma, nem que para isso seja necessário contar até mil. Dar-lhe os limites que ele necessita pois mais do que nunca é nesta idade que o estabelecimento de limites lhe dá confiança e segurança para enfrentar os desafios (resistir a um chocolate num supermercado, compreender que não pode levar com ele, pode sim ser um grande desafio para o nosso filho). Ser firme e justa só assim ele vai entender os "nãos" e os "sims",
E se as coisas já estão muito difíceis, se já é muito complicado lidar com ele, nunca esquecer que ele precisa em qualquer situação do nosso apoio, da nossa autoridade. E não podem ser os olhares dos outros que vão suprimir a determinação. A birra é uma forma de manifestação de insegurança, receio, carência, descontrolo dos sentimentos... e nós como pais temos mais é que estar presentes para ajudar mais uma vez.
Eu estou determinada a ajudar o meu pequeno a passar por esta fase de cabeça erguida, e tu?

14 comentários:

Naiara Krauspenhar disse... [Responder Comentário]

GG não é uma criança de birras homéricas, mas já teve seus altos e baixos e de vez em quando ela dá uns pitis...
Especialmente agora, com a perda da babá, ela tem estado num estado bastante nervoso.
E quando ela começa a ficar agressiva eu lhe abraço bem forte e digo olhando no olho dela "mamãe está aqui". Pois penso que ela está sentindo um certo abandono...
E pego ela no colo e me ofereço pra ir no jardim um pouco com ela, olhamos um pouco as flores e logo tudo passa...
Mas confesso que tem horas que preciso contar até 10, porque eles conseguem tirar a gente do foco.
BJos

Adriana Alencar disse... [Responder Comentário]

Nunca tinha pensado dessa forma, as pessoas realmente culpam os pais pelas birras, nada mais injusto! O meu mais velho não faz muita birra mas, quando ela aparece, como bom taurino, ele teima muuuuito. O único remédio tem sido colocá-lo de castigo, 1 minuto por idade, como as pedagogas ensinam, estamos nos 2 minutos e meio agora, até que ele peça "desculpa mamãe"...
Dou todo o apoio, continue com essa atitude!
Bj
Adri

Cora disse... [Responder Comentário]

Discordo Sofia.
(daqui uns dias serei expulsa de tanto que discordo com a dona do blog,*(.)

Quando a crinaça tem personalidade "dificil"-leia-se: forte,é outra coisa.
Conheço muita criança que decide sozinha por quase tudo, desde muito pequena, o que quer comer, vestir, brincar...isto é ter personalidade; é ter opiniões próprias e já vi isso em crinças de um ano até menos.

Agora fazer birra..peralá. è outra coisa.
Uma criança que se joga no chão que grita com os pais, pelo motivo que for, é birrenta e mal educada. E a culpa é dos pais sim.
Cada um é único, e quando nos tornamos adultos "captamos" para nós e para nossa personalidade o que vivemos; mas traços da educação que recebemos dos pais ficam para sempre.

Uma crinaça que tem tudo, que é amada,ouvida, atendida, não tem porque fazer birras.
Obvío que não me refiro a birras de bebê, que não tem controle das emoções.
Mas o caso de uma criança á partir dos 7 anos de idade aplico este meu pensamento sim.
Também deixo claro que crinaças com problemas emocionais, familiares, etc, devem receber a atenção e atratamento de acordo.
Mas birra por birra, não. Não pode ser tolerada.
Como uma criança aprenderá a lidar com suas emoções? Se quando fica frustrada ou contrariada faz birra? Se quando quer demosntrar seu sentimentos se joga no chão em público e no lugar onde estiver?
Temos é que entender as crianças e conversar antes que este estado emocional se manifeste. Saber quando a crinça esta triste, ou precisa desabafar é uma base para formar pessoas que saibam lidar com suas emoções. Isso impedirá que ela se torne uma crinaça birrenta, e se isto acontece a culpa é da educação que ela recebe.
Volto a repetir, não me refiro a bebês que estão aprendendo a lidar com suas emoções!

De qualquer forma esta é minha opinião,ninguém precisa concordar com ninguém, basta ouvir!

beijos, Cora.

Sofia disse... [Responder Comentário]

Olá Cora,
Não te vou expulsar por enquanto lol
A partilha de opiniões só servem para enriquecer as minhas reflexões, são sempre bem vindas ;)
De certa forma acabaste por concordar comigo :)
Como mãe de primeira viagem vivo as birras do Leo que estão muito longe de problemáticas ele ainda está a aprender a lidar com os sentimentos.
Também concordo que uma criança quando faz birra feia é porque alguma coisa está errado com a educação que lhe é dada, por isso escrevi "Não nos devemos centrar em saber como o nosso filho se comporta mas sim o porquê de tal comportamento". Pois acredito que por detrás de uma birra feia está alguma falha por parte dos pais.
Mas também não nos podemos esquecer que somos humanos e eu procuro educar o meu filho de forma a que ele nunca precise fazer birra feia mas e se eu falhar? E quando os pais falham por qualquer motivo e querem depois de se darem conta das falhas fazer todo de novo... essa criança merece ser ajudada e orientada, certo? O pais são humano e também erram... e educar nunca foi fácil não é verdade?

Mariana - viciados em colo disse... [Responder Comentário]

Sofia,
Para mim o problema não é como a criança age, mas como os pais reagem. Se um pai diz não e a criança faz um show e o pai cede é garantia de repetição no futuro. Por isso, nós pais somos sempre julgados (quando cedemos e quando deixamos chorar!!!).

A minha filha sabe que eu posso negociar o não enquanto ela estiver calma, sem chorar e sem gritar.

Quando uma ordem é desobedecida tenho seguido a estratégia da consequência imediata. Chorou no shopping por causa de uma coisa que queria, vamos embora na hora mesmo que o ingresso do cinema tenha sido comprado, mesmo que o lanche esteja na mesa - as lágrimas voltam - incrível! Brinquedo no chão na hora da faxina vai para o lixo (mentira - some por uns tempos), você precisa ver a criança correndo e os brinquedos indo para o lugar.

É claro que ela ainda desobedece, mas não dá shows e nem se coloca em perigo. O problema é quando a consequência extrapola para o restante da família, ou é desproporcional e não conseguimos sustentar.
beijoca

Especialmente Gaspas disse... [Responder Comentário]

Eu percebo o que a Cora quer dizer e entendo o que a Sofia disse. Acho que ...

Em bebés às vezes é fácil confundir uma birra com necessidades ou incómodos. Por muito bem que a mãe conheça o filho, pode ser difícil saber por exemplo se os dentes estão a incomodar, ou se está com medo de algo.
Até nós adultos com dor de dentes ficamos birrentos...

Qd eu estava na maternidade ouvi alguns pais com bebés de 2 ou 3 dias a dizem: Ai tão pequenino e já com manhas. Pobre bebé... hehe... nós é que temos tantas manhas e vícios que achamos que eles já nascem com elas e que se manifestam 3 dias depois. Neste caso os bebés têm é necessidades: comida, afecto, calor,..

Em crianças mais velhas tenho ideia que as birras se devem muitas vezes a falta de atenção por parte dos pais! Pode ser um exemplo estranho mas acho que é válido.
Qual é o cão que é mais dedicado e obediente ao humano que cuida dele? O que convive, brinca, passeia e lhe dá atenção?... ou o que só vê o dono quando este lhe dá comida?

Se calhar seja em que idade for resume-se tudo ao mesmo... atenção! Dar-lhes atenção e orienta-los!!!

Sarah disse... [Responder Comentário]

Muito boa a reflexão Sofia. Concordo com a Mari, é importante ressaltar como os pais reagem. Bento não demonstra muitas manhas (ainda??), mas fica sim manhoso quando está cansado ou doente. Acho que o mais difícil ao lidar com as birras é justamente entender esse lado subjacente a ela, ou seja, o que está por trás da birra. Saber contorná-la é um desafio essencial ao crescimento da criança - e, por que não? - dos pais também.
um beijo!

Cora disse... [Responder Comentário]

Sofia concordo, tem razão mesmo!
Acho que todas, pensamos mais ou menos da mesma forma!Educar não é tarefa fácil e também não existe fórmulas, nem pedagogias,nem nenhuma outra forma "certa", o que vale é agir com o coração, com a intuição de mãe e de ser-existêncial.E sim...
É educar para que os filhos estejam preparados para a vida e não para fazer "birras" quando forem contrariados!Isso com 7 ou 17 anos!*))

Beijos, Cora.

Dayane Cavalcante disse... [Responder Comentário]

Oi!Sou nova aqui no seu blog e já no primeiro post lido adorei!
Realmente essa questão de birra é complicada!Meu Levi tem apenas 4 meses, ainda estou um pouquinho longe dessa fase das birras, mas só comecei a pensar nisso de um forma mais consciente depois que virei mãe!Antes via um criança dando birra e longo pensava:Aiai, se fosse meu filho!!Hehe!!
Hoje penso:Logo, logo pode ser comigo, como eu vou reagir??
Concordo com o que vc escreveu, acho que a criança precisa de orientação, e se ela cresce birrenta e cheia de vontades muitas vezes é culpa da falta de limites, que nos pais, devemos dá....Realmente educar não é fácil!!!

Margot Félix disse... [Responder Comentário]

Olá, Sofia. Obrigada pela visita em meu blog. Você será sempre bem-vinda!
Gostei muito do seu blog. Ainda não sou mamãe, mas, um dia, pretendo ser. Gosto de ouvir as experiências.
Um carinhoso abraço. Voltarei mais vezes!

Margot Félix

Anónimo disse... [Responder Comentário]

Olá Sofia. Parabéns pelo blog, é bom poder reflectir e discutir algumas ideias sobre a educação dos nossos filhos. Concerteza que virei cá mais vezes. Já agora se quiseres visitar o meu blog (www.maetodosdias.blogspot.com) estás à vontade.
Beijinhos
Patrícia Soares

Anónimo disse... [Responder Comentário]

Ola Sofia ,e a primeira vez que estou por aqui ,e estou encantada com tantas informacoes,eu tenho uma filhinha de tres anos e as vezes ela faz tanta birra que as vezes fico ate assustada !!!pois meus dois filhos maiores {tenho mais dois meninos de 17 e 18 anos }nunca fizeram nada igual ou parecido as vezes nao sei o que fazer .ela fica muito nervosa quando e contrariada .seu blog tem me ajudado bastante a entender certas coisas ,ja estou te seguindo e virei sempre aqui bjs

Bonsae disse... [Responder Comentário]

Muito bem! Excelente orientação! Obrigada!

Gracami disse... [Responder Comentário]

muito bom

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