segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sou uma mãe cruel

"Coitadinho do menino que não come doces!!!" esta foi uma das frases que tive que ouvir durante as férias de Natal.
Já escrevi por aqui, aqui e aqui qual é a minha opinião sobre a importância de uma boa alimentação e que esta deve começar bem cedo e que somos nós pais os responsáveis por isso.
Decidi não dar açucares e gorduras por imposição minha até o Leo ter dois anos e depois só darei quando ele sentir interesse em experimentar (controlando sempre a quantidade e qualidade dos mesmos).
Respeito todas as opiniões mesmo as que sejam contrárias com a minha e espero que respeitem também as minhas, no entanto nem sempre é assim e de tal forma informo-vos que sou uma mãe cruel. Que apesar de ter um filho que come super bem, adora legumes e todos os tipos de fruta não lhe dou açúcar e isso é uma crueldade aos olhos de alguns.
Mas para que fique claro que a minha decisão é pensada e consciente ficam aqui os meus argumentos:
  • As papilas gustativas de um bebé ainda não estão educadas, estas não conhecem os sabores mas são sensíveis e preferem tendencialmente o doce; ao introduzir alimentos industrializados, cheios de aditivos, corantes e conservantes, estes vão induzir dependência por parte de quem consume, pois ficará insensível aos sabores menos intensos, característicos de alimentos naturais;
  • Estudos revelam que a ingestão excessiva de açúcar pode deixar as crianças pequenas irritadas e dispersivas. É que o doce, além de provocar uma maior concentração de insulina no sangue, também aumenta a quantidade de adrenalina o que pode provocar ansiedade, excitação e dificuldade de concentração;
  • Os açúcares fazem falta na alimentação, mas fazem parte da dieta habitual e são encontrados, por exemplo, nas frutas (frutose e sacarose), no amido das farinhas de cereais e nos tubérculos (como a batata). Ninguém pode viver sem açúcar, que é uma fonte de energia, mas a dieta normal tem açúcares naturais em abundância, o suficiente para cobrir as necessidades do organismo. 
  • O uso habitual de gomas, doces, biscoitos açucarados, geléias, refrigerantes, achocolatados e açucarados, provoca na boca a presença de um excesso de açúcares de moléculas pequenas, favorecendo a proliferação de bactérias e a formação de cáries e inflamação nas gengivas;
  • O consumo de açucares artificiais provoca o desequilíbrio alimentar. Um dos segredos da boa alimentação é a proporção correta dos diversos nutrientes: proteínas (carnes, arroz integral, ovo, leguminosas como o feijão), gorduras (animais e vegetais), hidratos de carbono ou glicídios (farinhas, açúcares), sais minerais e vitaminas. Ao comer açúcares em excesso, normalmente há menos fome para comer os outros alimentos. O perigo da alimentação rica em açúcar e desbalanceada é a criança ficar obesa e anémica;
  • Introduz alimentos açucarados em crianças pequenas (banana amassada com muito açúcar, com mel ou com geléia, por exemplo), vai provocar a recusa da aceitação de outros alimentos não-doces.
Podem até achar que sou demasiado radical mas a minha responsabilidade de mãe leva-me a agir desta forma. E os resultados até hoje têm comprovado que estou certa. 
O meu filho não conhece o sabor doce do açúcar industrializado, de refrigerantes ou gorduras saturadas... do que não conhece não sente vontade. Em vez disso conhece o sabor doce de uma laranja sumarenta, de uma banana madura, de uma manga suculenta. De uma cenoura, de  brócolos  cozidos a vapor cheios de vitaminas :)
Fico revoltada quando encontro no supermercado papas de bebé aconselhadas para os 4 meses (o que já é um problema, pois a amamentação deverá ser exclusiva até aos 6 meses) e como se não bastasse ainda com adição de açucares (vi isto recentemente numa papa da milupa com o nome "A minha primeira papa", como é possível??!!!). Para mim um problema de saúde publica, mas enfim o que me resta é ficar atenta aos rótulos e não dar importância ao que pessoas desenformadas dizem.
Sou responsável pela alimentação do meu filho, sou responsável pela construção de um individuo saudável e desta forma não vou fugir as minhas responsabilidades e tudo o que tiver ao meu alcance será feito para as cumprir.

11 comentários:

Naiara Krauspenhar disse... [Responder Comentário]

Flor, independente de os outros concordarem ou não, isso é uma decisão sua e é para o bem do seu filho.
Minha mãe vive dizendo que sou "ruim" porque não deixo GG fazer ou comer um monte de coisas. Mas quer saber? Nem ligo.
Eu não sou tão radical quanto você, mas sou meio paranóica com industrializados, até tenho um post na manga sobre isso.
Porque tem gente que diz que não dá doce, não dá isso,nem aquilo... mas faz comida com caldo em tablete (pura química), molho pronto (pior ainda) e essas coisas...
Eu sou muuuuuito neurótica nesse ponto, aqui é tudo muito natural...
Enfim, acho que deve manter sim sua postura e deixe os outros te chamarem do que quiser... rs
BJooooo

Anne disse... [Responder Comentário]

apoiada 100%!
sou do seu time das mães radicais, neuróticas ruins, cruéis ou o que mais gostarem de nos chamar.
estou pronta tb para a briga: já tem gente da família debochando com a frase "criança não come doce? nunca ouvi falar disso!eu comi doce a vida interia e estou ótimo"... sim, sem contar que teve que substituir aos 45 anos os dentes por próteses e tem diabetes altíssima, com todos os problemas que isso venha a acarretar...
tô contigo! adorei ompost e stou querendo tb publicar algo nesse sentido, vou te linkar, ok?
bjos

Janaína Mascarenhas disse... [Responder Comentário]

Acho que está certíssima em controlar a alimentação do seu filho. Meu filho de 8 anos até hoje não toma refrigerante, porque não gosta. Lembro que quando era menorzinho e saíamos com ele, sempre optávamos pelo suco para todos nós. Quando experimentou o refrigerante, já com uns 4 anos, não suportou, por causa do gás. Adorei isso. Infelizmente, é adepto de outras guloseimas como doces e fast food, mas tudo com limite. Mac Donald´s, mesmo, só uma vez por mês. Com a minha pequena, de 2a 6m, me vejo louca, porque ela é louca por comida e as pessoas ficam morrendo de pena quando ela pede um bolinho e eu não dou. E o pior. Até o pai diz que criança sem doce não é feliz. Precisei levá-lo junto para a consulta dela com a nutróloga para ele se conscientizar. Adorei o post. bj

Anónimo disse... [Responder Comentário]

Olá Sofia! Concordo plenamente com os teus argumentos e, com o meu menino, gostaria que ele não comesse doces até aos 3 anos. Vai ser uma batalha difícil! Tenho uma padaria aqui perto de casa e a dona está sempre a aliciá-lo ( e ainda só tem 4 meses!). Espero que sejas bem sucedida e não ligas às vozes ditas experientes.

Dayane Cavalcante disse... [Responder Comentário]

Concordo com você!O difícil é convencer a vovó, o vovô, tias e tios disso também!Pois sempre querem colocar alguma coisa na boca do bebê sem que você, mãe, autorize.Tomara que eu tbm consiga manter meu Levi longe de doces e gorduras por um bom tempo, mesmo que tbm leve o título de mãe cruel!!

Sarah disse... [Responder Comentário]

Concordo, concordo! Ajo da mesma maneira com Bento e também já ouvi várias vezes a mesma frase: "coitadinho, não toma refrigerante?", "coitadinho chocolate é tão bom!". Como assim coitadinho?? Por acaso doce é essencial à alimentação da criança?? É difícil mesmo seguir essa linha mais restritiva, principalmente em casa de avós (na última visita à minha sogra ela fez bolo de chocolate com sorvete de creme... se ainda fosse de frutas!).
Realmente, se a criança não tem acesso a doces ainda pequena, não sente falta. Uma vez Bento ganhou um pirulito em um aniversário, deu uma lambida e detestou.
Podem nos chamar de chatas, mas como vc bem disse, somos nós os responsáveis pela educação dos nossos filhos, assim como pela formação do paladar deles.
bjos!

Mariana - viciados em colo disse... [Responder Comentário]

Você está coberta de razão, Sofia! Persista!

Infelizmente, perdi esta luta do doce há quase quatro anos. Eu dizia que Alice não ia comer doce até dois anos, mas minha teoria não funcionou. Meus parentes davam doces escondidos, nas festinhas de escola tinha refrigerantes, brigadeiros e frituras, mesmo com a orientção de escola no contrário. É uma luta inglória!

Hoje ela é louca por chocolate. Em casa controlamos e ela tem direito a pequenas porções após o almoço. Na casa dos avós é mais difícil controlar a quantidade. Ela se autodenomina chocólatra, acredita? Mas entre os doces, acho o chocolate o menos mal...

Minha satisfação é que ela não é chegada a frituras, chicletes, salgadinhos de pacote, bolachas receheadas, confeitos cheios de corante, e nunca tomou refrigerante (quando insistiu em experimentar - todas as amigas tomam - ofereci coca zero quente e ela odiou - claro!). Neste ano voltou a experimentar novos alimentos e a comer mais verduras. Frutas sempre foram uma paixão.

Não posso dizer que a alimentação dela é 100%, mas comparando com as crianças ao redor, estou bem satisfeita. Seu lanche chega a ser exemplo na sala de aula (pães e biscoitos integrais, castanhas, leite, suco natutal de misturas de frutas e legumes, bolo caseiro, etc.). Em casa um litro de óleo dura seis meses porque nada aqui é frito. Não usamos nenhum tempero industrializado, apenas muito alho, cebola, tomate e ervas frescas e secas. Na mesa, diariamente tem salada e colocamos no seu prato mesmo que não coma sempre.

Açúcar é afeto: "Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto/Pra você parar em casa, qual o quê!/Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito" (chico buarque)

Mais um comment post style para inspirar um post futuro!

Beijoca

Silvia Azevedo (@silvia_az) disse... [Responder Comentário]

Acho que não sou radicalíssima, pois permito papinhas artificiais raramente, em situações que denomino de emergência, gelatina, geléia de mocotó e biscoitos do tipo cream cracker e maisena; mas não dou balas ou pirulitos, por exemplo. Fritura? Nadinha. O tempero da comida é natural: alho, cebola, pitadinha de sal e às vezes alguma erva fresca ou seca também.
Acredito nesta postura de evitar (pelo menos o excesso) guloseimas e afins, e concordo quando disse que só sentimos falta daquilo que conhecemos. Fato!!!

Silvia Azevedo

http://umapitadadecadacoisa.blogspot.com

Paula disse... [Responder Comentário]

Cheguei aqui pelo post do Super Duper. E concordo muito com vc. Eu evito comida industrializada e doces. Também já tive que escutar essas coisas, e principalmente aqueles assim " a sua mae nao deixa eu te dar refrigerante." com cara de nao é minha culpa. Mas como vc diz somos respponsaveis pela alimentacao deles. E pra que acostuma-los com essas coisas. Eventualmente eles vao conhecer o que nao significa que sera liberado em casa, mas sera inevitavel. Ate la eu decido adiar ao maximo que ele consuma coisas que nao traz benefico pra ele. SInta-se apoiada, compreendida e parabenizada. Beijos
www.diasdesamuca.blogspot.com

Ana Carolina disse... [Responder Comentário]

Adorei conhecer seu blog pelo post da Anne e concordo com vc! Vou continuar te acompanhando! BJKS

Ana Carolina
www.quasemaepai.blogspot.com

Unknown disse... [Responder Comentário]

Adorei o post e o blog. Tenho uma bebe de 1 ano e 1 mes e também faço o possivel para que ela fique longe de doces, frituras e refrigerante. O dificil realmente sao os avós..eles acabam falando que a culpa é nossa. De qualquer forma, adiarei até quando conseguir para que ela fique longe das guloseimas.

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