sexta-feira, 11 de março de 2011

Vivemos sem TV - 2º episódio (em jeito de esclarecimento)

Primeiramente queria agradecer a todas as que comentaram no 1º episódio deste meu viver, é sempre bom ouvir outras opiniões para confrontar com as nossas e fomentar a reflexão. Alimento-me disso, obrigada.
Mas hoje queria aqui deixar as minhas ideias em forma de esclarecimento, deixando os motivos que me levaram a tomar esta decisão.
Algumas de vocês são da opinião que a minha decisão é demasiado radical não posso deixar de clarificar os meus pontos: a televisão cá em casa já era usada com grande raridade, o que ela fazia era ocupar espaço na nossa sala de estar (e ganhar pó). A sala de estar estava orientada fisicamente para a televisão, o que acontece em imensas casas, não é verdade? E eu não gostava disso, a minha sala de estar é o espaço que quero para ESTAR com a minha família para conversar, trocar ideias... então a presença da televisão não se integrava no nosso jeito. Hoje temos sofás e cadeirões orientados num circulo, quando nos sentamos, olhamos nos olhos uns dos outros... damo-nos importância. Desta forma a televisão não saiu de forma abrupta da nossa vida, simplesmente arranjou um lugar mais digno para ela :)  (longe dos olhares de quem tanto a ignorava).
O conceito de radical depende do estilo de vida que cada um leva, certamente se nós tivéssemos o hábito de ver TV todos os dias e a partir de hoje ela desaparecesse, seria um pouco radical sim. Para mim seria radical viver sem frigorífico ou corrente eléctrica...
Quanto ao receio de tornar a TV num fruto proibido (e como diz o ditado - mais apetecido) não me assusta nem um pouco. Nós vemos esporadicamente filmes (gosto de ver um bom filme enroladinha na mantinha e a comer pipocas), o Leo até já viu uns episódios do Ruca :),  mas foi todo uma escolha nossa, filme, momento, apetite. Sem publicidade, sem interromper ou deixar de fazer alguma coisa mais importante porque o programa está a começar e não espera por mim. Se um dia o Leo mostrar interesse em conhecer alguma personagem que os amigos gostam dar-lhe-ei a conhecer, mas para isso não precisamos mudar os nossos princípios. E acredito que antes dos 5 anos uma criança não precisa de TV para viver os ser heróis.

Quem sempre viveu com uma televisão, não sabe o que é a vida sem ela. Há 50 anos era o rádio que estava ligado na maioria das casas, depois passou a ser a televisão e a meu ver neste momento, como já referi, a televisão não nos oferece nada que não possamos obter de forma mais rápida, cómoda, transparente (não nos sufocando as ideias ou alterando o foco do nosso interesse) temos a Internet, temos um acesso a informação super alargado e muito embora com muito lixo pelo meio, temos poder de escolha, temos tempo para pensar e analisar as páginas que abrimos e lêmos, o que não se passa certamente com um programa televisivos no qual nós não temos voto.
E agora muitas de vocês dirão - Se seleccionarmos os canais que vemos e a frequência com que vemos está tudo bem. - e eu concordo plenamente, mas existem tão pouco programas com relevância no meio de, atrevo-me a dizer, tanto lixo, que eu não estou para isso. Não quero que a televisão sugue o meu tempo, quando posso aprender o mesmo (quando eventualmente se aprende alguma coisa) em menos tempo, sem ter que ver lixo e ouvir lixo, sem sequer ter oportunidade de me defender, de analisar o que entra no meu cérebro. E eu sou feliz por ter a minha paz.
E não se preocupem, podemos ser pessoas informadas sem TV, existem bons jornais, existe a Internet. Não preciso ver uma hora de telejornal, saber que a senhora Maria de sei lá de onde nunca andou de comboio para ficar informada sobre o estado das finanças do pais, noticia esta que por sua vez vem mascarada de sensacionalismo e que me dá a saber o que eles querem que eu saiba. Isto também acontece na Internet e no jornal, certamente, mas aqui eu vou direito ao assunto, embora precise de o filtrar muitas vezes (mas isso é assunto para outra temática).
Quem procura conversa, passa-tempo deveria procurar a família e os amigos. 
O que realmente me assusta bastante é muitos pais acharem que a televisão podem ajudar a educar os seus filhos. Qualquer que seja o programa televisivo, que seja feito a pensar em crianças ou não, a educação deve ser feita pessoalmente através da presença humana, e neste caso, do pai e da mãe pessoalmente. Sentimentos como a amizade e o respeito são ensinados no dia a dia com a convivência com outros seres humanos, certo?
Porquê deixar uma criança pensar que o verdadeiro entretenimento encontra-se através de desenhos animados? Quando é bem mais interessante e maravilhoso viajarem através de um livro e viverem no mundo da imaginação as aventuras que um desenho animado lhe impõe. Aqui aprendem tudo em um: tomar atenção, ler e perceber. 


Eu quero que os meus filhos explorem a infância com asas, imaginando, viajando e não com raízes no sofá lá de casa...
Deixei a minha posição clara? :)


Aguardem o próximo episódio - as minhas reflexões de como é possível crescer sem televisão!

Ir para 3º episódio

6 comentários:

Mariana - viciados em colo disse... [Responder Comentário]

sofia,
fiz um super comentário no post anterior e só tenho a acrescentar que este foi mais um dos meus "cuspes para cima". como publicitária que sou tenho a perfeita noção dos prejuíjos que tv e filmes em excesso podem trazer. por uns quatro anos consegui manter alice vendo tv por períodos muito limitados. agora tudo mudou: não tive firmeza e o contexto se alterou muito de dois anos pra cá (mestrado, outro bebê, mudanças)!

uma coisa que consigo manter mesmo ante a estranheza das pessoas é a proibição de computadores e games. se ela vai a casa de um colega que tem wii e se interessa pode até jogar, mas em casa só vai ter video game depois que ela estiver plenamente alfabetizada, com jogos adequados a idade e ao nosso estilo de vida.

não te acho radical não e adorei sua análise sobre a disposição dos móveis. fico imaginando os seres que habitarão a terra daqui a dois mil anos encontrando nossos fósseis: várias ossadas humanas sentadas em semicírculo voltadas para um retângulo na parede!

beijoca

Chris Ferreira disse... [Responder Comentário]

Oi Sofia,
aqui emcasa a TV é muitopouco utilizad mas tem alguns momentos em que eu mesma quero que elas vejam um pouquinho para ficarem quietinhas e eu possa dar uma relaxada.
Acho ótimo que consegue viver sem ela. Mas por aqui, a TV traz algum conforto. As vezes traz alguma discórdia, e nesse caso, é logo cortada. Também tem alguns programas que são educativos, culturais. Temos que escolher o que mais adequa a realiadade de cada um né?
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Fabi a loba!!! disse... [Responder Comentário]

Olá Sofia, como disse anteriormente, respeito sua decisão.
Minha filha assiste Tv, mas muitas vezes prefere um livro, ela tem uma estante no quarto dela repleta de livros que já devorou. Como disse gosto do meio termo.
Além de desenhos ela assiste programas sobre a natureza, a reciclagem, sobre preservação e ela também adora assistir programas sobre animais, pois ela quer ser bióloga.
Ela gosta de explorar esses temas tanto na TV, como no PC, como em livros... e eu estou sempre por perto para ajudá-la... cada um tem sua forma de criar os filhos.
Não acho que a Tv educa, acho sim que de certa forma complementa, tanto como a internet e um bom livro.
Bom, te entendo e respeito sua decisão, só queria expor a você que mesmo minha filhota assistindo TV ela não deixa de explorar a infância dela com asas e imaginação... beijinhos

Sarah mãe do Bento disse... [Responder Comentário]

Oi Sofia!
Li o post anterior e os comentários todos. Acho bem bacana sua posição, embasada pelos argumentos que vc discorreu aqui. Também acho que tv não educa (aliás, des-educa!) e não aprovo o uso dela como babá, como muitas vezes acontece. E concordo que podemos nos informar por jornais e/ou internet - eu mesma raramente assisto a um telejornal.
Por outro lado, eu acho que não conseguiria exclui-la por completo, apesar de vir restringindo seu uso cada vez mais. Não acompanho novelas nem reality shows, mas gosto de seriados e filmes. E também prefiro um bom livro, sem dúvida. No caso das crianças, acho que dá para determinar o que assistem escolhendo programas que consideremos mais apropriados. O que não quer dizer ficar horas na frente da tv, deixando de brincar.
O que eu tento fazer é manter um equilíbrio. Nem cortar, nem liberar totalmente.
Aguardo o próximo post, gostei dessa reflexão!
um beijo

Roteiro Baby disse... [Responder Comentário]

Ficou muito claro sim. Entendi perfeitamente, compreendi, admirei... mas, ao contrário de você, acredito que a TV pode sim COMPLEMENTAR a educação, ajudar a distrair a crianças e que, desde que os programas sejam escolhidos pelos pais e realmente criados para crianças, são positivos. Também acredito que estimula o interesse e a imaginação da criança (jamais substituindo um livro, logicamente) e como eu não sobreviveria sem uma TV (talvez sim, mas não quero nem vejo necessidade de tentar fazer isso), não privo a minha filha dessa OPÇÃO de lazer. Acho que o aprendizado não vem com TV... que esse é só UM dos diversos meios INTERESSANTES de ENTRETERIMENTO que podemos oferecer às crianças...
Mas achei interessantíssimo a reflexão que vc estimulou ao compartilhar sua opinião e sua experiência sobre esse assunto aqui. No mínimo, implicará em mais reflexões para suas leitoras.
Voltarei mais vezes para saber como isso tem evoluído.

Adriana Alencar disse... [Responder Comentário]

Tenho de confessar que a TV é uma grande aliada quando preciso de um tempo só para mim ou para a casa, mas nunca a deixo ligada em algum canal específico, na verdade uso mais o DVD para algum filme leve, como os da Casa do Mickey... Mas o seu alerta é excelente e tenho de rever as horas que estamos nos concentrando nisso...
Beijo
Adri

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